Extremistas islâmicos ocuparam nesta quarta-feira uma escola do ensino fundamental no sul das Filipinas e tomaram civis como reféns, num contexto de grande tensão no arquipélago.

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“Estão dentro da escola e retêm os civis. Eles os utilizam como escudos humanos”, declarou por telefone à AFP o capitão Arvin Encinas, porta-voz da divisão militar da região.

A invasão aconteceu em Pigkawayan, localidade a 160 km da cidade de Marawi, onde combatentes vinculados ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI) lutam há um mês contra o exército filipino, em um conflito que deixou centenas de mortos.

Nas primeiras horas da manhã, homens armados atacaram um posto militar, antes de parte do grupo assumir o controle da escola, informou o porta-voz.

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Cerca de 20 moradores foram feitos reféns, mas nenhum estudante, segundo declarou à AFP Antonio Maganto, porta-voz da região para a Educação, acrescentando que o número exato de vítimas não podia ser confirmado.

O porta-voz das Forças Armadas, Restituto Padilla, havia anunciado algumas horas antes que os criminosos eram integrantes dos Combatentes Islâmicos pela Liberdade de Bangsamoro (Biff), facção dissidente da Frente Moro Islâmica de Libertação (Milf) e um dos quatro grupos da região filipina de Mindanao (sul) que juraram lealdade ao EI.

O Milf é o principal grupo rebelde muçulmano das Filipinas com o qual o governo lançou negociações de paz.

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– Cerco em Marawi –

A polícia local acredita que o ataque pode ter como objetivo deslocar as tropas filipinas para ajudar os combatentes jihadistas em Marawi.

De acordo com Padilla, os islamitas atacaram o posto militar durante a madrugada, trocando tiros com os soldados antes de recuar, uma tática comum dos combatentes do Biff.

“A situação está resolvida. O inimigo se retirou, ele fracassou”, garantiu no final da manhã, acrescentando que os militares perseguem agora os islamitas.

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Mas horas depois, o capitão Encinas relatou a tomada de reféns na escola primária, com Padilla confirmando a informação na televisão.

Os dois militares relataram combates esporádicos durante todo o dia nos arredores do vilarejo, que é cercado por pântanos, montanhas e terrenos agrícolas.

O prefeito de Pigkawayan, Eliseo Garsesa, estima que 200 islamitas participaram da operação inicial.

O sul das Filipinas, de maioria muçulmana, é palco há mais de 40 anos de uma rebelião muçulmana que busca a independência ou autonomia da região. O conflito já fez mais de 120.000 mortos.

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As principais organizações muçulmanas iniciaram negociações de paz ou assinaram acordos com as autoridades, enquanto os movimentos menores, como Biff, continuam a lutar.

O presidente Rodrigo Duterte decretou a lei marcial em todo Mindanao em 23 de maio, quando um grupo de extremistas entrou no Marawi carregando uma bandeira preta do EI.

Segundo o exército, os extremistas ocupam cerca de 10% dessa cidade de 200.000 habitantes, principal reduto muçulmano em um país de maioria católica.

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Os combates, que ainda prosseguem, fizeram centenas de mortos e Marawi está em grande parte destruída.

Os extremistas pertencem ao grupo dos irmãos Maute e a Abu Sayyaf, dois movimentos que também juraram lealdade ao grupo EI.

O Exército afirma que combatentes estrangeiros, incluindo da Chechênia, Indonésia e Malásia, se juntaram às fileiras dos islamitas.

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O EI, que está perdendo terreno no Iraque e na Síria, pretende decretar um califado no sudeste da Ásia.

Em 2008, o Biff foi acusado de atacar pelo menos nove cidades em Mindanao. Estes ataques fizeram cerca de 400 mortos, enquanto 600.000 pessoas tiveram que fugir.

* AFP