A exposição que o Museu de Arte do Rio Grande do Sul inaugura nesta terça-feira, às 19h, convida o visitante a se perder: são 152 obras de 83 artistas brasileiros e estrangeiros, produzidas entre o final do século 19 e os dias atuais.

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Mas Labirintos da Iconografia não é um beco sem saída. Ao contrário: a ideia é que cada observador encontre seu próprio fio de Ariadne capaz de conduzi-lo pelos caminhos desse dédalo de arte.

As referências ao célebre labirinto da mitologia grega perpassam a coletiva que tem curadoria de José Francisco Alves: em uma das alas da Pinacoteca Central do Margs, foi construída uma estrutura que remete ao labirinto de Creta, onde estão expostos trabalhos retratando o Minotauro e Teseu, os sacrifícios humanos, uma tela de Alice Soares com o novelo de lã de Ariadne, uma coluna de mármore encimada por um touro de bronze de Xico Stockinger.

– O visitante poderá percorrer o trajeto das obras de uma forma não-cronológica, possibilitando assim que construa suas próprias vias interpretativas estabelecendo novas relações históricas e artísticas – explica o curador.

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Cerca de dois terços das obras exibidas – pinturas, esculturas, fotos, desenhos, gravuras, instalações – pertencem ao acervo do museu, incluindo trabalhos que jamais foram mostrados ao público. O objetivo é colocar lado a lado criações e artistas de períodos, escolas, técnicas ou gêneros diferentes, instigando diálogos e contrapontos. Assim, uma tela enorme de seis metros de altura do contemporâneo Frantz com impressões do chão de seu ateliê é vizinha de quadros dos pintores históricos Carlos Alberto Petrucci (Ateliê), João Fahrion (Interior de Atelier) e Pedro Weingärtner (Atelier Julien).

– A montagem das obras canônicas do Margs buscou uma forma de levar as pessoas a olharem para elas de uma forma diferente, com um olhar do presente. As obras de sempre, já conhecidas, viram outras obras – acredita Alves.

No centro do térreo do prédio da Praça da Alfândega, foi montada uma obra de Carlos Fajardo, reprodução da instalação Âncora – construída durante a 1ª Bienal do Mercosul no Parque Marinha do Brasil e hoje depredada. O trabalho monumental, com 3 mil tijolos e 20 toneladas, é a peça mais pesada já exposta no museu.

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Labirintos da Iconografia agrupou obras também por afinidades temáticas nos espaços do Margs: a Sala Berta Locatelli, por exemplo, abrigará criações cujo denominador comum é a representação urbana. Já as Salas Negras terão um viés mais cinematográfico, exibindo trabalhos como Dédale – novamente o labirinto -, filme-instalação do francês Pierre Colibeuf inspirado no universo de Iberê Camargo. O vernissage desta noite também apresenta a nova logomarca do Margs (no detalhe).

– Recuperamos o primeiro logo artístico do museu, criado em 1966 por Cláudio Carriconde – esclarece o curador.

A abertura para convidados reserva ainda uma performance inusitada: dentro de uma estrutura de madeira e painéis de vidro, o artista Élcio Rossini criou um aparato inclui luzes, projeções de vídeo, feno e três cabras – chamadas Portus, Aramis e D?Artagnan. A performance Bestiário será apresentada ainda em mais três ocasiões até o fim da exposição, no dia 14 de agosto. Será que os Três Mosqueteiros caprinos conseguirão escapar do Minotauro?

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