Os moradores da Servidão Manoel Luiz Duarte, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, realizam neste domingo (25) uma exposição para marcar os três meses do vazamento de uma lagoa artificial de esgoto tratado da Casan. Intitulada “Memória e Trauma: descaso Lagoa”, a mostra acontece das 10h às 17h.
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Oito instalações foram montadas ao longo da servidão. O objetivo, segundo Andreia Vieira Zanella, uma das organizadoras e moradora do local, é para que os atingidos não sejam esquecidos. Além de bens materiais, muitas pessoas perderam sua fonte de sustento.
O rompimento da lagoa artificial da Casan aconteceu nas primeiras horas da manhã do dia 25 de janeiro. O efluente que vazou da estrutura alagou casas, destruiu carros e chegou até a Lagoa da Conceição provocando danos ambientais. Seis dos nove pontos avaliados pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) para medir a balneabilidade da água, foram considerados impróprios um dia após a tragédia.
A Casan promoveu editais para ressarcir os afetados, mas ainda não foi feito o pagamento a todos os moradores da servidão. A luta, segundo Andreia, é para que todos recebam os valores perdidos, principalmente para os que perderam mais itens. Para visitar a instalação é necessário uso de máscara e que se respeite o distanciamento social.
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Comunidade se mobiliza
Os moradores vivem em vigília permanente desde janeiro. A casa de Andreia Vieira Zanella foi transformada em QG nos dias seguintes ao rompimento. O imóvel de dois andares resistiu à força do efluente permitindo que ela pudesse abrigar muitos vizinhos nas horas seguintes ao ocorrido. Conseguiram água, alimentos e reuniram força para tentar recuperar do lodo um pouco de suas histórias em meio ao lodo.
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Família que vivia na servidão há mais 14 anos na servidão, Pablo e Graziela Zimmer conseguiram resgatar pouca coisa de sua casa. Um dos itens que conseguiu ser resgatado foram álbuns de fotografia. Contudo, o efluente que vazou danificou as imagens, que não puderam mais ser recuperadas.

Unidos, os moradores da Servidão Manoel Duarte formam um grupo que luta para que todos sejam ressarcidos e que sua dor não seja esquecida. Tem quem havia depositado no empreendedorismo a chance de recuperar a renda depois de perder o trabalho na pandemia. Mas a onda de lodo destruiu a cozinha recheada de equipamentos usados para fazer marmitas. Teve também quem tentou recuperar, sem sucesso, criações artísticas de toda uma vida.
Perderam móveis, carros, roupas, eletrodomésticos, mas agradecem por ninguém ter perdido a vida. O consenso é que a tragédia seria muito maior caso o rompimento tivesse acontecido horas mais cedo.
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