Andarilho da lembrança, o artista visual Nilton Tirotti imprimiu seu universo particular para a criação de Memória Locus, uma exposição itinerante que inaugura hoje, no Museu de Arte de Blumenau. Ela faz parte da 5ª Temporada de Exposições do Mab e circulará por Joinville e São Francisco do Sul no ano que vem.
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A ligação da obra e a linha do tempo da carreira profissional e pessoal do artista é a evidência que o público poderá conferir até 5 de janeiro, sob a curadoria do jornalista Gleber Pieniz e foi aprovado pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec).
Frames de vídeos são impressos sobre o papel de arroz, suporte principal do trabalho que ficará suspenso na parede apenas por pequenas presilhas. A escolha é provocativa, pois o papel comestível é extremamente sensível a ação do tempo, podendo apresentar alterações nas cores, formas e até se desintegrar durante a exposição. Duas projeções em vídeo fazem parte do trabalho.
Uma exibe de maneira acelerada as imagens de seu arquivo pessoal e, o outro, imagens do pesquisador e cinéfilo Herbert Holetz, que gerenciou por alguns anos salas de cinema de Joinville. Não se trata de uma homenagem, mas uma tentativa do artista em exibir e resgatar a ligação entre ambos, pois Tirotti é um amante declarado da sétima arte. Aliás, cada exposição será distinta, pois o artista irá explorar o laço entre a memória do lugar com a sua vida.
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Transitório
Para o artista, a imagem – matéria prima de sua obra – desperta a curiosidade sobre a memória, algo extremamente pessoal e transitório, capaz de despertar as mais inesperadas emoções. Essa não é a primeira vez que Tirotti se aprofunda e brinca com a sensibilidade do passado. Desde 2011 ele vem estreitando os laços da reminiscência com a arte, oferecendo ao público a experimentação da sensação estética de seu trabalho.
– A ideia é essa, transmitir o sentimento, a memória para o público – explica Tirotti.
Para o curador, Gleber, o artista vai além quando o assunto é o acúmulo de imagens e memórias ao longo de um período.
– O Tirotti, como artista, soube gerenciar as imagens, é um homem que passou a vida segurando imagens, semelhante ao Herbert Holetz. Ambos sintetizam a luta contra o tempo – relata.
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Enquanto o poeta curitibano Paulo Leminski brinca com a ação do tempo, quando diz Memória é coisa recente, até ontem, quem lembrava? (…) Ao perder a lembrança, grande coisa não se perde, no poema Saudosa Amnésia, Tirotti procura uma definição subjetiva e sem rodeios:
– Memória é sentir – afirma.
::Serviço::
O quê: Exposição Memória Locus, de Tirotti.
Quando: abertura hoje, às 20h30.
Onde: sala 30 do Museu de Arte de Blumenau (MAB), na rua 15 de Novembro, 161, em Blumenau. De terças-feiras a domingos, das 10 às 16 horas, até 5 de janeiro de 2014. Antes de abrir suas salas, os artistas participam de uma conversa.