A exposição que o Goethe-Institut leva ao Memorial do Rio Grande do Sul mostra um pouco os trânsitos geográficos em escala global da arte contemporânea que circula por bienais, museus e instituições internacionais.
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Future Perfect, com abertura nesta quinta-feira (14/5), às 19h, é uma mostra promovida pelo Instituto das Relações Exteriores da Alemanha (ifa). Já passou por Varsóvia (Polônia) e Kaliningrado (Rússia) e chega a Porto Alegre com o subtítulo Arte Contemporânea da Alemanha. São apresentadas obras de 16 artistas que vivem e trabalham em território alemão, mas entre eles há nascidos no Irã, no México, na Dinamarca, na Grécia, na França, na Itália, em Israel e no Vietnã.
– Alguns dos artistas têm histórico de migração, seja para estudar ou também para viver. Berlim ainda parece ser um dos lugares mais atraentes no mundo para artistas – diz o alemão Philipp Ziegler, um dos curadores da exposição. – Por essa razão, escolhemos “Arte da Alemanha” para o subtítulo da exposição e não “Arte alemã”.
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Trabalho do coletivo DAS INSTITUT
Com instalações, filmes, fotografias, esculturas, objetos e pinturas, Future Perfect parte de uma ideia sugerida em seu título: a de um futuro já consumado. O tempo verbal é tomado como descrição de eventos que aconteceram antes de um tempo de referência no futuro. Assim, ajuda a pensar os modos como os artistas especulam sobre o porvir.
– Há muitas outras formas de ler os trabalhos, é claro. Mas essa questão nos permite entender esses trabalhos a partir das opções de como podemos nos relacionar com o futuro, seja agindo ou apenas imaginando – diz Ziegler.
É o caso do dinamarquês Henrik Olesen. Na obra A.T., ele apresenta um amplo painel com uma espécie de dossiê sobre a história trágica de Alan Turing (1912 – 1954), o matemático inglês vítima de preconceito por ser homossexual que morreu sem ser reconhecido por seu legado. O futuro, no caso de Turing, poderia lhe reservar outro destino? A questão lançada por Olesen ganhou maior visibilidade na cinebiografia O Jogo da Imitação, que disputou o Oscar deste ano.
Há também na exposição artistas que colocam em circulação referências locais. O italiano Armin Linke, que documenta os efeitos da globalização em viagens pelo mundo, apresenta o filme Alpi. Nos Alpes da Europa, ele pesquisa como a natureza é explorada, industrializada e usada para turismo e entretenimento, atentando à interferência do homem.
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– Esse tipo de pesquisa local é apenas um exemplo e poderia ter sido feito em muitos lugares no mundo, de maneira similar, abordando os mesmos tópicos – diz o curador.

Já o trabalho do alemão Nasan Tur (acima) incita a participação e o engajamento do público. Suas mochilas cheias de traquitanas podem ser carregadas pelos visitantes e levadas para fora do Memorial do RS para, nas palavras do curador, “performar pela cidade”.
– As mochilas são basicamente kits de ferramentas para expressar sua opinião, protestar, sabotar ou cozinhar em público. Na Rússia, considerando a atual situação política, elas foram usadas extensivamente pelos visitantes. Tenho muita curiosidade sobre qual será a reação do espectador brasileiro – diz o curador.
Future Perfect tem também trabalhos em que a globalização celebra o encontro de diferentes culturas. São os casos da mexicana Marianna Castillo Deball e do grego Yorgos Sapountis, cujas obras trazem referências ao Brasil:
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– Eles apresentam trabalhos com influências do uso de materiais pela tradição da arte brasileira, especialmente por Hélio Oiticica – diz o curador.
FUTURE PERFECT
> Abertura nesta quinta-feira (14/5), às 19h.
> Visitação de terça a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 17h. Até 22 de agosto. Entrada gratuita.
> Memorial do Rio Grande do Sul (Praça da Alfandega, s/nº), em Porto Alegre, fone (51) 3227-0882.
> A exposição: apresenta trabalhos de 16 artistas que vivem na Alemanha e têm atuação no circuito artístico internacional.
> Atividade paralela: palestra de Ronald Grätz (Secretário Geral do Instituto das Relações Exteriores da Alemanha) sobre Política Cultural Internacional, com o secretário de Estado da Cultura, Victor Hugo. Mediação de Paulo Amaral, diretor do Margs. Nesta quinta-feira (14/5), às 17h, no Margs (Praça da Alfândega, s/nº). Entrada gratuita.
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