É o espaço apropriado para abrigar uma exposição dedicada a David Bowie: Museu da Imagem e do Som. Porque nenhum outro artista na cultura pop representa como ele, em criação, longevidade, influência e reconhecimento, a harmonia entre as artes visual e musical.
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>> Confira galeria de imagens da exposição David Bowie, em São Paulo
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Em cartaz até 20 de abril no MIS, em São Paulo, a mostra apresenta 300 peças que dimensionam a trajetória de Bowie para além de sua carreira como cantor e compositor.
Primeira grande retrospectiva dedicada ao artista, a exposição David Bowie chegou à capital paulista logo após a temporada de estreia no Victoria and Albert Museum, em Londres, onde ficou em cartaz entre março e agosto de 2013. Os curadores Victoria Broackes e Geoffrey Marsh tiveram livre acesso ao The David Bowie Archive e de lá pinçaram uma memorabilia de arrancar lágrimas dos fãs – mas que também permite aos não iniciados no universo Bowie ter noção da sua estatura.
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A exposição é organizada de forma temática, e não cronológica. A primeira parada por entre dezenas de salas e corredores do museu, que estava abarrotado de gente e com uma longa fila na entrada durante a visita de Zero Hora, apresenta a fase Space Oddity (1969), segundo disco de Bowie, inspirado na viagem do homem à Lua. Destacam-se nesse espaço um trabalho do artista gráfico húngaro Victor Vasarely, expoente da arte óptica, usado por Bowie na capa do álbum e o minissintetizador Stylophone Dubreq, com o qual foram produzidos efeitos sonoros no estúdio. Na mesma sala, está o icônico macacão bufante e assimétrico de vinil Tokyo Pop, criação do estilista japonês Kansai Yamamoto para Bowie vestir na turnê de Aladdin Sane (1973) – no total, estão espalhados pela exposição 47 figurinos usados pelo músico em diferentes épocas.
A partir daí, a caminhada será guiada por peças que destacam as referências culturais, estéticas e conceituais que moldaram a persona e as criações de Bowie ao longo de décadas, até sua volta à ativa em 2013, após 10 anos de retiro, com o disco The Next Day. Fones de ouvido de alta qualidade são entregues na entrada, pois o deleite visual é complementado com o impacto sonoro – o sistema identifica a posição do visitante e aciona o som correspondente, de uma música ou de um depoimento relacionado ao objeto em análise.
Chama a atenção perceber como Bowie reciclou influências tão diversas, que vão do milenar teatro japonês kabuki aos movimentos de vanguarda dos quais emergiriam o dadaísmo e o surrealismo, da literatura fantástica ao jazz, dos cabarés da Berlim dos anos 1920 ao folk e ao rock’n’roll, para se tornar ele próprio um original semeador de tendências na música, na moda e no comportamento.
Percorrer a exposição, portanto, permite conhecer melhor não apenas Bowie, mas ter contato com um panorama dos momentos mais representativos da arte no século 20.
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Veja galeria com imagens da exposição “David Bowie”:
A toca do camaleão
Após percorrer as dezenas de espaços que exibem a memorabilia de David Bowie no MIS, em São Paulo, o visitante depara com a grande sala na qual estão expostos alguns dos mais icônicos figurinos usados por ele entre os anos 1960 e 2000. É hora também de ouvir na íntegra, sem os fones de ouvido, em um volume que simula estar à frente de Bowie em um show do começo da década de 1970, versões ao vivo de Rock ‘n’ Roll Suicide, Sweet Thing e Jean Genie. Veja outros destaques da mostra:
Manuscritos Bowie tem o costume de anotar tudo o que pode lhe render uma futura inspiração, em folhas avulsas, cadernos e até guardanapos. Além de fragmentos de futuras letras, bilhetes a amigos e músicos e croquis com conceitos visuais de discos, espetáculos e figurinos, a exposição destaca os manuscritos dos versos de Starman, Ziggy Stardust e Heroes, entre outras canções emblemáticas.
Juventude
A última sala da exposição relembra o ambiente em que Bowie nasceu, em 8 de janeiro de 1947: Brixton, região de Londres afetada pelos bombardeios da II Guerra. Estão neste espaço fotos e cartazes das bandas que ele integrou antes da carreira solo, como a The Kon-rads, aos 16 anos, o saxofone que ganhou do pai e o primeiro violão, usado no disco Space Oddity (1969).
Cinema
Um telão destaca a presença de Bowie, desde os anos 1960, em filmes elogiados como O Homem que Caiu na Terra (1976), de Nicolas Roeg, Furyo – Em Nome da Honra (1983), de Nagisa Oshima, e Basquiat – Traços de uma Vida (1996), de Julian Schnabel, no qual ele viveu o artista plástico Andy Warhol. São lembradas ainda aventuras musicais como Labirinto – A Magia do Tempo (1986), de Jim Henson.
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Moda
Bowie sempre esteve associado a renomados estilistas. Kansai Yamamoto foi o parceiro das fases Ziggy Stardust e Alladin Sane, com seus principais figurinos – peças icônicas do glam rock, presentes na exposição. Também podem ser vistos o pierrô criado por Natasha Korniloff para o clipe de Ashes to Ashes e trajes assinados por nomes como Freddie Buretti, Thierry Mugler, Alexander McQueen e Hedi Slimane.
Livro
Com a exposição, ganha lançamento no Brasil o livro-catálogo David Bowie (MIS/Cosac Naify, 320 páginas, preço médio de R$ 120). A requintada publicação detalha, com fotografias e manuscritos inéditos, a trajetória completa de Bowie da infância ao lançamento de seu mais recente disco, The Next Day (2013). É anunciado como o primeiro livro produzido com acesso irrestrito ao arquivo pessoal de Bowie.
Programe-se: A mostra David Bowie está em cartaz até 20 de abril no MIS (Av. Europa, 158), em São Paulo. Visitação de terça a sexta, das 12h às 21h; sábado, das 11h às 21h; domingo e feriado, das 11h às 20h. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia) – pela internet, no site www.ingressorapido.com.br, custa R$ 25.