Prestes a completar sessenta anos de busca pela pureza racial entre cães, o Kennel Clube de Joinville promove três exposições pan-americanas – a 95ª, a 96ª e a 97ª – neste sábado. Mais de sessenta raças participam da competição de beleza que reúne criadores de várias regiões do Brasil.
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O clube de criadores de cães não somente de raça, mas com pedigree, tem 90 sócios na região Norte e Nordeste de Santa Catarina. Exposições como a promovida pelo Kennel em comemoração aos 60 anos de existência podem ser comparadas aos concursos de beleza de miss e mister Universo.
Três juízes foram contratados para avaliar a aparência e a personalidade dos cães. Um deles, Cristian Molina Gálvez, é boliviano, por isso a competição é considerada pan-americana. Fernando da Costa Maia e Antônio Alves Capistrano Neto sãos os dois brasileiros encarregados de julgar a performance e correspondência dos animais ao padrão vigente estabelecido pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC) para cada raça.
A formação de um juiz pode levar até seis anos. De preferência, quem julga os animais deve ter, no mínimo, ensino médio completo e ter sido criador de alguma raça. Muitos juízes usam trenas ou réguas como instrumentos de verificação do padrão. A observação visual e a apalpada também são métodos de reconhecimento.
– Nenhum cão é perfeito. Às vezes, tem a cabeça e o tronco bons, mas a traseira não é tão boa – comentou o criador da raça spitz alemão e presidente do Kennel Clube, Pedro Wibbelt.
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Para resolver esses “problemas” e buscar a proximidade com o padrão da raça, a solução, de acordo com Wibbelt, é “cruzar cães de características opostas”. Cachorros de pernas curtas para o padrão se misturam bem com cadelas de pernas longas, por exemplo. A busca da perfeição racial e o combate à mestiçagem entre os animais são missões do Kennel em Joinville.
– Graças ao trabalho dos Kennels pelo mundo, hoje as raças caninas ainda existem – disse o presidente, que informou a existência de mais de 300 raças.
Como surge um grande campeão
A exposição, de acordo com Wibbelt, é uma forma de incentivo e de troca de informações entre os criadores engajados no mesmo objetivo do Kennel. São três categorias: filhotes de seis a nove meses; jovens de nove a 15 meses; e adultos de mais de 15 meses. Para obter o certificado de campeão, um filhote precisa vencer três competições; um jovem deve ganhar quatro; e o adulto tem que ser o melhor em mais de quatro.
São três etapas a vencer: campeão entre raça, entre grupo e geral. A estrada é longa rumo à conquista do título. Cada competição pode render até cinco pontos. Um “grande campeão” deve ter 70 pontos.
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O pai Wibbelt?s Simon e a filha Wibbelt?s Lorena pertencem a Pedro e são exemplos de cães com pedigree.
Instituições ajudam a assegurar a pureza
O Kennel Clube de Joinville é o representante regional da Federação Catarinense de Cinofilia (FCC), que está ligada à Confederação Brasileira de Cinofilia (CBC), no Rio de Janeiro. As duas fazem parte da Federação Cinológica Internacional (FCI), localizada na Bélgica. Essas instituições espalhadas por todo o mundo têm a responsabilidade de assegurar a diversidade racial e a pureza entre cães.
O Kennel, em Joinville, faz o registro de ninhadas enviado à CBC, que, emite o pedigree dos animais – que além de registrar a linhagem e a pureza, serve como identidade para o cachorro. O clube também registra os canis da região responsáveis pela criação de cães de raça pura. Um cão com pedigree recebe como sobrenome o nome do canil, que se torna “uma marca”, segundo Pedro Wibbelt.
Outro serviço do Kennel é o de orientação dos criadores na escolha da raça, no estudo do padrão, no adestramento e na melhora da linhagem.
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– Nós não comercializamos cães. Não compramos. Não vendemos. Apenas orientamos – esclarece o presidente.
A fonte de renda do Kennel provém da contribuição dos sócios e da promoção de exposições. São realizados três eventos anuais. O valor recolhido nas inscrições, que custam R$ 110 para filhotes e R$ 140 para cães jovens e adultos, deve pagar o evento. O registro de pedigree também é pago. O cão que tem entre 40 e 90 dias e pais com pedigree pode ser registrado por R$ 45, diretamente no Kennel.
Desde 7 de outubro de 1954, o Kennel Clube de Joinville tem realizado essas tarefas. O atual presidente divide a história da instituição em três períodos. Um inicial, de atividades mais modestas e menos documentadas, que ocorreu da fundação ao ano de 1976. Deste ano até 1992, houve uma dinamização dos serviços e o Kennel chegou a registrar uma média de 400 cachorros por ano. Essa média anual dobrou dos anos 1990 até hoje, marcando um terceiro período de profissionalização.
Uma paixão que já tem 35 anos
– Para ser criador é preciso honestidade, profissionalismo, limpeza e organização – diz o vice-presidente do Kennel Clube de Joinville, Ingomar Baumer.
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Ele se interessou pelo ofício por influência do avô, que criava cavalos. A fascinação que os lobos lhe causavam também o atraiu ao ofício de criar cachorros, que, como ele mesmo lembrou, são descendentes de lobos. E dentre todos os cães, o pastor-alemão é um dos que mais se parece com o lobo.
Há 35 anos, Ingomar resolveu ser criador e hoje tem mais de 30 cães, incluindo rottweilers e pastores-alemães. Entre eles está o pastor campeão Vento do Cimarlu, que tem 14 meses. Ele conquistou três títulos e ganhou o certificado de campeão.
O bisavô dele foi vendido por 750 mil euros. O avô Remo von Fichtenshlag é bicampeão mundial e o tio Omen von Radhaus é o atual campeão do mundo.
CURIOSIDADE
Como garantir o pedigree de um cão que não tem pais com pedigree?
Primeiro, é preciso conhecer o padrão da raça, estabelecido em normas pela CBKC. Se você considerar que seu animal de estimação corresponde às características oficiais da raça, pode levá-lo a uma exposição para avaliação de um juiz. Caso ele seja considerado excelente, o juiz pode emitir um certificado de pureza racial. Este documento mais o certificado de microchip devem ser apresentados ao Kennel, que encaminha à CBC.
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AGENDE-SE
O quê: exposição em comemoração dos 60 anos do Kennel Clube de Joinville.
Onde: Grêmio da Whirlpool, rua Dona Francisca, 7.200.
Quando: 16 de agosto, das 9 às 17 horas. Aberta ao público em geral.
Quanto: gratuito.