Em meio a tantas outras peças da década de 1930 a 1990, lá estava ela. Apresentou-se de capa de cor bege, teclas pretas e duas delas vermelhas, fita de tinta e o cilindro para colocação de papel. O modelo Precision 4000 é uma fabricação chinesa dos anos 1990. Com o charme do passado, o convite para começar a escrever foi inegável. É a única máquina de escrever que ainda funciona entre as 15 em exposição no Museu da Família Colonial, em Blumenau.

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Então, comecei a tocar nas teclas. Logo percebi que isso não é tão simples assim. A sensação é bem diferente de digitar no teclado de algum computador ou tocar na tela touchscreen de um tablet. O trabalho exigia mais força a cada batida em uma das teclas. Como se cada uma delas exigisse uma atenção especial. Sem falar no barulho. O som remetia diretamente ao passado. Lembra daquelas salas cheias de máquinas de escrever com todos escrevendo ao mesmo tempo? Cenário comum na década de 1980, por exemplo. Fácil relembrar a cena ao visitar a exposição O Traçado da Memória Através da Máquina de Escrever.

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Foi aí que começou o desafio. Primeiro, o de verificar o funcionamento das teclas, acentuações e pontuações. Nem tudo ia perfeitamente, tanto pra mim, novata e sem habilidade, quanto para a máquina, afetada pela idade e com o funcionamento comprometido.

Entre uma batida e outra, a tinta ficou fraca. Hora de rodar a fita. Mas a fita travou. E agora? Numa das mais manuais trocas, ela voltou a funcionar. Pois bem. Vamos ao texto. E ao digitar uma das palavras (acho que foi a palavra “passado”) uma frágil formiga começou a subir pela folha de papel. E logo muitas delas apareceram. Hora de limpar a máquina. Ao abrir a tampa, uma surpresa e um indício. Antes tão usada, agora a pobre máquina era uma casa para os pequenos bichinhos.

Já sem as formigas, foi necessário trocar o papel no cilindro. Como se faz isso mesmo? Depois de algumas tentativas, eis que funcionou. Assim, algumas frases foram escritas. A marca de um passado no presente.

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SERVIÇO

Exposição O Traçado da Memória Através da Máquina de Escrever – No Museu da Família Colonial, Alameda Duque de Caxias, 78, Centro, Blumenau. Ingressos: R$ 3 e R$ 1,50. Terça-feira a domingo, 10h às 16h. Atendimentos a grupos com agendamento prévio: (47) 3381-7516. Até julho.

Exposição Ponto a Ponto – No Museu de Hábitos e Costumes, Rua XV de Novembro, 25, Centro, Blumenau. Ingressos: R$ 3 e R$ 1,50. Terça-feira a domingo, 10h às 16h. Atendimentos a grupos com agendamento prévio: (47) 3381-7979. Até julho.

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