Exposição de arte contemporânea reúne coleções de objetos perdidos, na Capital

Botões de roupa, fotografias 3×4, chaves avulsas, peças de quebra-cabeças, insetos espremidos entre páginas de livros. Desde criança, Bil Lühmann coleciona e agrupa itens perdidos por outras pessoas – algumas dessas coleções sumiram no tempo, como as pontas quebradas dos lápis-de-cor da infância. Outras, mais recentes, estão reunidas na exposição Coisas, que abre nesta quinta-feira na Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis.

Durante um piquenique com amigos na Lagoa da Conceição, Bil encontrou um dos botões mais emblemáticos de sua coleção, que já soma 130 peças. Outra vez, em uma república da Capital, se deparou com a fotografia de duas meninas gêmeas – pela aparência, a foto devia ser dos anos 1980 e Bil até ameaçou ir em busca das personagens na vida real, mas o interesse principal era outro.

– Eu gosto de pensar na falta que esses objetos fazem. Imagina montar 4999 peças de um quebra-cabeças e perceber que a última está faltando. Ou chegar em casa e se dar conta de que perdeu a chave para entrar – diz Bil Lühmann.

O artista garante que todos os itens da exposição foram encontrados por acaso, embora não tenha mais a lembrança de todas essas situações. Para ele, os objetos sozinhos não possuem valor. Por isso, não são exatamente artigos colecionáveis – não há peças raras ou genuínas para somar ao todo – mas pedaços de memórias, que só adquirem sentido e importância na medida em que simbolizam esta perda.

Além da exposição de sete de suas coleções, a mostra Coisas exibirá o vídeo Viu Bil, no qual o artista cobre o próprio corpo com tinta preta, em frente a uma parede da mesma cor, para criar um efeito de desaparecimento gradativo.

Coisas é a segunda mostra individual do artista de 27 anos, nascido em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, e radicado em Florianópolis há quase dez anos. Desde que se formou em Artes Visuais, em 2011, Bil utiliza objetos coletados como poética de trabalho. Em julho deste ano, ele expôs outras de suas relíquias em Tudo Começa Com C, no Museu Victor Meirelles, e em 2010 integrou o projeto Até Meio Quilo, do Grupo Aluga-se, com uma série de bilhetes recolhidos na rua ao longo de quatro anos.

Agende-se

O quê: abertura da exposição Coisas

Quando: amanhã, às 19h

Onde: Fundação Cultural Badesc (Rua Visconde de Ouro Preto, 216 – Centro, Florianópolis)

Quanto: evento gratuito

Visitação até 2 de fevereiro de 2013