A cena não é rara: a criança chora, os pais tentam acalmá-la de todas as formas e nada funciona. Basta ligar um celular ou a televisão, dar o play em algum vídeo e a “mágica” acontece: a criança se concentra na tela e o choro acaba na hora. O que pode parecer inofensivo, na verdade é um grande risco e altamente prejudicial ao desenvolvimento dos pequenos. Em entrevista à CBN Joinville nesta sexta-feira (29), a médica pediatra Priscila Pires alertou que a pandemia intensificou os comportamentos ligados aos eletrônicos. Principalmente crianças e adolescentes que tiveram aulas on-line foram expostas ao extremo e isso pode ocasionar sequelas.
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— Infelizmente foi um tempo exagerado de tela e a gente está tendo muita repercussão associadas a ansiedade, a depressão, irritabilidade […]. A longo prazo a gente tá vendo essa impaciência na dificuldade de aprendizagem — comentou.
Segundo a pediatra, a previsão é de que no período pós-pandemia esses comportamentos de hoje acarretem diversos problemas de saúde. Quadros de déficit de atenção poderão ser mais comuns e tudo isso tem relação ao excesso de telas nos primeiros anos de vida. Em crianças mais novas, a médica diz que tem se tornado mais comum problemas relacionados a falta de vocabulário e dificuldades na comunicação.
— O que a gente tem visto muito, nas crianças pequenas, é atraso de fala e atraso no desenvolvimento motor, porque ficam muito paradas em frente às telas — apontou.
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Para orientar pais e responsáveis, as sociedades Brasileira e Americana de Pediatria têm recomendações específicas sobre o tempo indicado de exposição de tela. Até dois anos de idade, os especialistas orientam que não haja nenhuma interação dos bebês com eletrônicos. Dos dois aos cinco anos de idade, somando pequenas exposições ao longo do dia, o máximo ideal seria uma hora por dia. E acima dos seis anos, no máximo duas horas somadas todas as interações.
Além do tempo de exposição, a doutora Priscila Pires também chamou a atenção para os conteúdos que as crianças estão consumindo. O ideal é que não haja nenhum momento de interação com os eletrônicos sem monitoramento, justamente para cuidar dos tipos de produtos que os pequenos consomem. A médica reconheceu que estes cuidados são mais fáceis de aplicar em casa, mas orientou que os pais devem conversar com toda a rede de apoio (avós, padrinhos, tios, etc) para que haja atenção de todos quanto aos cuidados de exposição e conteúdos nas telas.
— A gente tem uma dificuldade bem grande com os cuidadores em geral. Eles acabem deixando muito as crianças fazendo o que querem, talvez esse seja o maior desafio — disse.
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A pediatra deu ainda outras dicas de como evitar a exposição, os comportamentos que os pais precisam ficar atentos (como isolamento da família, falta de conversa, dificuldades no relacionamento) e a importância de acompanhar todos os sinais dos pequenos.
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Confira, abaixo, a entrevista completa da pediatra Priscila Pires ao CBN Mais. O programa vai ao ar de segunda a sexta, das 11h ao meio-dia, na CBN Joinville, com Jota Deschamps, Fernando Gonçalves e Rodrigo Zimmermann.