Marcos Rück está de volta em casa. Como arquiteto que é, seus olhos brilham com o layout preciso da Galeria Victor Kursancew, mas é seu coração que palpita enquanto faz observações quanto ao piso e à disposição das paredes. Afinal, foi ali que expôs pela primeira vez, 38 anos atrás, sem contar sua trajetória como professor da Casa da Cultura. Nada mais justo, portanto, que celebre as quatro décadas como artista na mais tradicional galeria de arte de Joinville.

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“Chronographia” é a exposição que Marcos abre nesta terça-feira, dia 11 de setembro. Com a ajuda do curador Marc Engler, se voltou para o próprio passado para selecionar 18 obras, entre pinturas, desenhos e objetos, que representassem diferentes fases do que produziu entre 1978 e 2018. Dois desses trabalhos nunca foram exibidos em público, e uma tela (“Instante Visual”) é remanescente daquela primeira mostra na Victor Kursancew.

— Além da alegria de voltar a expor aqui, para os alunos da escola é a chance de um passeio didático por diversas técnicas que o artista pode usar — afirma Rück, um autodidata que nunca se prendeu a um único estilo ou suporte.

Ele também é um artista que não se guia por inspirações avulsas, mas por projetos específicos que encara com a disciplina que utiliza em seus trabalhos de arquitetura. Isso confere às obras um tom especialmente particular, como diz Marc Engler.

— A obra do Marcos é muito visceral, tem muito dele. Porque não tem inspiração, é sempre algo que ele precisa dizer – observa o curador, que auxiliou o artista na seleção dos trabalhos mais representativos desses 40 anos, entre premiados, presentes em exposições e com sentimentos envolvidos.

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Sem expor individualmente em Joinville desde 2007 – quando dividiu o anexo 1 do MAJ com o amigo e mestre Mário Timm —, Rück deve muito de Chronographia à escritora Simone Nascimento. É ela a autora de “Vida e Obra de Marcos Rück”, biografia lançada em junho durante a 15ª Feira do Livro de Joinville. A exposição é um desdobramento e a contrapartida social da publicação do livro, contemplado no edital do mecenato do Simdec 2017.

— Primeiro, é uma alegria passar a obra do Marcos para o papel, onde, acredito, ficará registrada por muitos anos. Depois, ver as obras selecionadas para o livro serem expostas na galeria tem o sentido de missão cumprida, as obras estão a disposição dos joinvilenses para serem contempladas e analisadas! É muito importante poder contar a história de um grande artista local – enfatiza Simone.

Sobre o artista:

Marcos Rück nasceu em São Bento do Sul em 1956. Mudou para Joinville na infância e, entre 1974 e 1976, estudou desenho com o mestre Hamilton Machado. Graduou-se em arquitetura em 1983, em São Leopoldo (RS), e fez pós-graduação em restauração de edifícios históricos em Munique, na Alemanha.

Apesar da formação acadêmica, tornou-se um expoente das artes visuais joinvilenses a partir dos anos 1980, trabalhando desenho, pintura, objeto e fotografia. Na cidade e fora dela, realizou 16 mostras individuais, participou de mais de 30 coletivas e de 12 salões de arte. Integrou por 15 anos consecutivos a Coletiva de Artistas Plásticos de Joinville.

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Entre os vários prêmios que recebeu, destaca-se a seleção, em 2008, para uma residência artística de três meses em Schaffhausen, na Suíça, cidade coirmã de Joinville. Entre 2013 e 2016, Marcos dirigiu o Museu de Arte de Joinville (MAJ).

Agende-se:

O quê: Exposição Chronographia – Marcos Rück, 1978 – 2018.

Quando: abertura em 11 de setembro, terça-feira, às 19h.

Onde: Galeria Victor Kursancew, rua Dona Francisca, 800, Saguaçu.

Visitação: até 28 de setembro, de 2ª a 6ª, das 8h às 20h.

Quanto: entrada gratuita.