As exportações de soja pelos portos de Santa Catarina tiveram um aumento de 65% em quantidade, atingindo quase 400 mil toneladas, e 49% em faturamento, somando US$ 147 milhões, de acordo com o boletim mensal do Centro de Socieconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri. A China, que é grande compradora de suínos e aves, também liderou a compra da oleaginosa, com 80% do total. Em segundo ficou o Vietnã, com 14%.

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Ressaltando-se que nem todo o volume é de Santa Catarina, pois parte da safra de outros estados é embarcada aqui. Mas isso também é reflexo de um aumento da produção local, que deve atingir 2,4 milhões de toneladas nesta safra. Há mais de dez anos essa produção não chegava a um milhão de toneladas.

O secretário de Agricultura do Estado, Ricardo de Gouvêa, destacou o aumento da área de oleaginosa, que, apesar de ter uma redução de 2% na última safra, com 669 mil hectares, teve um acréscimo de 73% nos últimos dez anos, quando eram cultivados 385 mil hectares.

— Os produtores catarinenses vêm investindo cada vez mais na produção de soja, vislumbrando principalmente o mercado internacional. É uma cultura que se mostrou altamente rentável e que tem crescido nos últimos anos. Mais um produto do agronegócio na pauta de exportações de Santa Catarina trazendo mais riquezas para o nosso estado — disse o secretário.

De acordo com o analista do Epagri/Cepa, Haroldo Tavares Elias, cerca de 98% da soja exportada é em grãos, sendo o restante de óleo, farinha e torta de soja. Ele ressaltou que apesar dos bons números de Santa Catarina o preço internacional da tonelada de soja, que foi comercializada a US$ 410, em média, está 9,4% inferior ao do ano passado.

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Isso também tem reflexo no preço pago ao produtor, que está em R$ 70,00 a saca, contra cerca de R$ 80,00 no ano passado.

— Tem muita coisa de contratos futuros firmados no ano passado, quando o preço estava menor, e que foram exportados agora. Pode ser que esses bons números continuem mais alguns meses mas a tendência é que o Brasil não repita o mesmo volume do ano passado — disse Elias.

O vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, também avalia que a tendência de queda no preço influenciou no bom desempenho nas exportações neste início de ano, pois muitos produtores aproveitaram para comercializar a produção quando o preço ainda estava mais alto.

— Muita gente antecipou a venda, conseguiu comercializar a mais de R$ 75,00 a saca, com medo de um acordo entre China e Estados Unidos. O preço atual sem mantém próximo de R$ 70,00 com o dólar alto, senão tinha caído mais. Os estoques mundiais estão altos e a demanda da China por farelo de soja e milho deve diminuir pela redução de plantéis com a peste suína. A tendência é de um ano com preços ruins para grãos e bom para carnes, pois a China terá que importar mais proteína — disse Barbieri.

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Ele destacou que as agroindústrias estão ampliando plantéis para dar conta da demanda.