O Ministério da Saúde publicou uma nota técnica nessa quarta-feira (5) em que recomenda ampliar, em caráter excepcional, e intensificar a vacinação contra a coqueluche no Brasil devido a surtos da doença na Europa e na Ásia. Em Santa Catarina, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE/SC) também reforça a busca pelo imunizante, que faz parte do calendário de vacinas. 

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— Não só coqueluche, mas o sarampo também tem circulado de forma bastante intensa na América do Norte e na Europa. No momento, a gente não tem nenhuma campanha definida, mas são vacinas que já estão no calendário  de vacinação — fala João Fuck, diretor da Dive/SC. 

Quem deve se vacinar

O documento divulgado pelo Ministério da Saúde indica a ampliação da vacinação da dTpa (tríplice bacteriana acelular tipo adulto), que combate difteria, tétano e coqueluche. A recomendação é principalmente para trabalhadores da saúde que atuam em serviços de saúde públicos e privados, ambulatorial e hospitalar, com atendimento em ginecologia e obstetrícia e parto e pós-parto imediato. 

Ainda de acordo com a nota, profissionais que atuam como doula, acompanhando gestantes durante os períodos de gravidez, parto e pós-parto; além de trabalhadores que atuam em berçários e creches onde há atendimento de crianças com até quatro anos, também devem ser imunizados.

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No Brasil, o último pico epidêmico de coqueluche ocorreu em 2014, quando foram confirmados 8.614 casos. Segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, foram 649 casos confirmados nos últimos 10 anos da doença em Santa Catarina. Somente em 2014, foram 244 diagnósticos no Estado. 

— A gente vem em um resgate das coberturas vacinais aqui no Estado. Não são as coberturas ideais, mas a gente vê que elas estão aumentando. E se a gente consegue elevar essas coberturas, certamente protegemos as crianças e a população contra essas doenças que estamos vendo relatos, como é o caso da coqueluche na Europa, por exemplo, com muitos casos acontecendo — diz o diretor. 

Confira o número de casos dos últimos 10 anos de coqueluche em SC 

  • 2014 – 244
  • 2015 – 117 
  • 2016 – 46 
  • 2017 – 120 
  • 2018 – 71 
  • 2019 – 31 
  • 2020 – 8
  • 2021 – 4
  • 2022 – 6
  • 2023 – 1
  • 2024 – 1

Cenário global

A nota técnica cita um aumento de casos de coqueluche em pelo menos 17 países da União Europeia, com registro de 25.130 casos de janeiro a dezembro de 2023. 

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Já entre janeiro e março de 2024, 32.037 casos foram notificados na região em diversos grupos etários, com maior incidência entre menores de um ano, seguidos pelos grupos de 5 a 9 anos e de 1 a 4 anos.

Ainda de acordo com o documento, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China informou que, em 2024, foram notificados no país 32.380 casos e 13 óbitos por coqueluche até fevereiro. A nota também cita um surto da doença na Bolívia, com 693 casos confirmados de janeiro a agosto de 2023, sendo 435 (62,8%) em menores de 5 anos, além de oito óbitos.

“O aumento de casos registrado em outros países, a partir de 2023, sinaliza que situação semelhante poderá ocorrer no Brasil dentro de pouco tempo, uma vez que, desde 2016, o país vem acumulando suscetíveis, em razão de quedas nas coberturas vacinais em menores de 1 ano de vida e lacunas na vigilância e diagnóstico clínico da doença”, alerta a nota do Ministério da Saúde. 

Esquema vacinal

O ministério destaca que a principal forma de prevenção da coqueluche é a vacinação de crianças menores de 1 ano, com a aplicação de reforços aos 15 meses e aos 4 anos, além da vacinação de gestantes e puérperas e de profissionais da área da saúde

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O esquema vacinal primário é composto por três doses, aos dois, quatro e seis meses, da vacina penta, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b, seguida de reforços com a vacina DTP, contra difteria, tétano e coqueluche, conhecida como tríplice bacteriana.

Para gestantes, como alternativa de imunização passiva de recém-nascidos, recomenda-se, desde 2014, uma dose da vacina dTpa tipo adulto a cada gestação, a partir da 20ª semana. Para aquelas que perderem a oportunidade de serem vacinadas durante a gravidez, a orientação é administrar uma dose da dTpa no puerpério, o mais precocemente possível e até 45 dias pós-parto.

Desde 2019, a vacina dTpa passou a ser indicada também a profissionais da saúde, parteiras tradicionais e estagiários da área da saúde atuantes em UTI ou UCI neonatal convencional e berçários, como complemento do esquema vacinal para difteria e tétano ou como reforço para aqueles que apresentam o esquema vacinal completo para difteria e tétano.

Causada pela bactéria Borderella, a coqueluche, pertussis ou tosse comprida, como é popularmente conhecida, é uma infecção respiratória. A doença tende a se alastrar mais em tempos de clima ameno ou frio, como na primavera e no inverno.

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Sintomas

Os sintomas da coqueluche incluem tosse seca, febre e cansaço, que podem levar a complicações, como pneumonia, desidratação e paradas respiratórias. A doença infecciosa é de alta transmissibilidade, mas é controlada no Brasil graças à vacinação. As vacinas contra coqueluche estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).

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