Era um daqueles dias de calor no início do ano letivo. Marcel Ramos, ou melhor, China, ia de sala em sala na Escola Barão do Rio Branco à procura de adolescentes que quisessem jogar vôlei. Entre alguns sins e outros nãos, surge Arthur Barth Reiter. Ele era um pouco menor do que os 1,95m de altura que tem hoje aos 17 anos, é verdade, mas chamou a atenção. Treinos e mais treinos, jogos e mais jogos depois, Arthur se destacou.
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“Alemão crôza”, o jovem jogador guarda a timidez para os momentos em que está fora de quadra. Quando põe o tênis e as joelheiras, se transforma em uma das promessas da modalidade. Destacou-se tanto que ganhou a confiança do técnico André Donegá para integrar o elenco de Blumenau (Apan/Barão/Cremer/FMD) na Superliga B, que começa sábado.
Arthur estará ao lado de gigantes, mais experientes, como Schueroff, 27 anos e 2,03m, Bob, 37 e 2,08m, e do levantador… China. É! O professor de Educação Física que o descobriu será um de seus colegas de grupo na busca da equipe blumenauense pelo acesso à elite nacional do vôlei. Desafio para ambos. Para um, por ser um dos pilares psicológicos da equipe, e para outro, por precisar administrar a ansiedade de estar na categoria adulta.
– Dar calma para os jogadores mais novos é uma das minhas responsabilidades. Não tem como eu negar isso. Se eles olharem para mim em momentos complicados do jogo e verem que estou tranquilo, também ficarão. É uma consequência – destaca China, aos 39 anos, 21 deles dedicados ao vôlei.
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O levantador prefere deixar de lado o fato de que quando já atuava na Superliga, lá pelos idos de 1998, Arthur nem era nascido. Embora não se importe com a idade e se cuide constantemente, China diz que sente os impactos do tempo. Jovens jogadores, por outro lado, surgem como a esperança de renovação. O difícil é segurar a ansiedade.
– Fico com frio na barriga, é claro. Nunca joguei com os adultos – afirma Arthur, um tanto nervoso e não habituado a conceder entrevistas.
Para Donegá, a disputa da Superliga B com jovens jogadores é uma relação custo-benefício. De um lado, jogadores inexperientes que querem buscar um lugar ao sol. De outro, times com menor orçamento e que, em tese, têm como objetivo justamente revelar atletas. Eis a receita para, quem sabe, chegar à elite.
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– O grande objetivo da divisão de acesso é dar experiência e rodagem para esses atletas. Dar conhecimento suficiente para que eles possam enfrentar outros desafios. Esse é o nosso conceito e é assim que trabalhamos, por isso essa mescla entre juventude e experiência no grupo – argumenta o treinador.
Time estreia no sábado
Com a preparação intensificada na última semana, a equipe blumenauense está pronta para a estreia, avalia Donegá. O grupo viajou na sexta-feira pela manhã e chegou às 12h em solo goiano. A partida contra o Jaó-GO está marcada para as 11h, e o time poderá contar com o retorno do oposto Bob. Após sofrer um rompimento parcial do ligamento cruzado anterior do joelho direito, o ponteiro – tido como a principal contratação da equipe para a competição – chegou a preocupar. Mas com uma rápida melhora, em apenas três semanas, o atleta voltou a treinar com bola e foi liberado para jogar. Mesmo assim ainda deve ser poupado.
OS JOGOS DE BLUMENAU:
? 7/1: Jaó-GO (F)
? 14/1: Rádio Clube-MS (C)
? 21/1: Botafogo (F)
? 28/1: Sesc-RJ (C)
? 4/2: Araucária-PR (F)
? 11/2: Montecristo-GO (C)
? 16/2: Brasília-DF (F)
? 4/3: Uberlândia-MG (C)
? 11/3 – Folga
REGULAMENTO
? Todos os times se enfrentam em turno único na primeira fase. Os oito melhores classificados avançam às quartas de final, que serão organizadas em cruzamento olímpico (1º x 8º, 2º x 7º, 3º x 6º e 4º x 5º). Os duelos de quartas de final e das semifinais serão em séries melhor de três jogos.
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? A decisão será em partida única, na casa do time que tiver a melhor campanha.
? A equipe que se sagrar campeã da Superliga B sobe automaticamente para a primeira divisão. Vice e 3º colocado jogarão um quadrangular contra os dois últimos colocados da elite em busca de outra vaga.