Dez times iniciam neste final de semana a busca pelos dois lugares vagos na Série A do Catarinense 2020 após o rebaixamento de Hercílio Luz e Metropolitano, nesta temporada. A Série B do Estadual vai até o 25 de agosto, quando os finalistas disputam o título com os acessos já garantidos. Almirante Barroso, Barra, Blumenau, Camboriú, Fluminense, Guarani e Juventus são remanescentes da divisão, enquanto o Próspera subiu depois de ser campeão da Série C no ano passado, e Concórdia e Inter de Lages caíram da elite. Em comum, eles apostam na experiência para alcançar o principal objetivo: o acesso.
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Campeão sob o comando de Paulo Baier no ano passado, o Próspera resolveu apostar em um nome de peso dentro de campo, diferente do ocorrido na Série C 2019. O goleiro Roberto Volpatto, de 39 anos, volta ao futebol catarinense. Natural de Orleans, ele atuará pela equipe de Criciúma após rodar por times como Vasco, Ponte Preta e XV de Piracicaba, além de Moreirense e Vitória de Setúbal, ambos de Portugal. O arqueiro estava sem atuar desde 2017, quando defendeu a meta do Santo André no Campeonato Paulista, mas com rodagem de sobra, sabe o quanto será difícil da disputa rumo à elite estadual.
– A Série B é uma competição difícil e com times de tradição no futebol catarinense. A Série A terminou há pouco e muitos jogadores migraram de divisão, o que eleva o nível de disputa. Acredito que dá para chegar, mas temos que fortalecer o trabalho. A disputa é de tiro curto, com jogos de quarta-feira e domingo. Quem estiver mais bem preparado vai brigar lá em cima. Espero que o Próspera esteja entre esses times – falou o goleiro.
Roberto não será o único com experiência na Série B. O Concórdia, por exemplo, apostou em nomes como o zagueiro André Luís, de 39 anos, que defendeu Santos e Botafogo, onde colecionou polêmicas. Entre elas, tomar o cartão amarelo das mãos de um árbitro pela Copa Sul-Americana e também ser preso pela polícia de Pernambuco durante jogo contra o Náutico, no Estádio dos Aflitos. O Galo do Oeste ainda conta com o goleiro Éder, 34 anos, com passagens por equipes do interior de São Paulo, e o atacante Brasão, 37 anos, que no ano passado estava no Almirante Barroso, onde fez quatro gols em 10 jogos.
A lista de experientes também tem o zagueiro Dão, 34 anos, que jogou na Chapecoense em 2013. Aliás, o time do litoral catarinense terá no comando técnico o ex-meia Tcheco, que atuou em equipes como Grêmio e Santos. O volante Michel Schmöller, 31 anos, voltou ao Inter de Lages, após passagem pelo Metropolitano. Já o Guarani de Palhoça tem como principal nome o volante Léo Gago, 36 anos, que em 2009 foi campeão estadual pelo Avaí e jogou por Palmeiras e Grêmio ao longo da carreira. Os atacantes Rodrigo Silva, 35 anos, e Thiago Silvy, 32 anos, completam a relação do Bugre.
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– O elenco é jovem. Eu e o Rodrigo Silva somos os dois mais velhos do time. Depois tem o Thiago Silvy e o restante é molecada formada na base, mas com muita qualidade. Espero que possa ajudar e que eles corram por mim, assim como corri para os mais velhos quando eu era da idade deles no meu início de carreira. Uns ajudando os outros. A gente tem feito bons treinamentos e a expectativa é de fazer um grande campeonato – afirmou Léo Gago, que antes do acerto pensou em se aposentar após deixar o Cianorte neste ano.
Em 31 edições, a Série B teve 21 campeões. Quatro times conquistaram três títulos cada: Brusque, Joinville, Inter de Lages e Marcílio Dias. O último a levantar a taça foi o Metropolitano, que em 2018 venceu o Marinheiro na final, em Itajaí. O regulamento é simples. Os 10 participantes jogam entre si em turno e returno. Os dois clubes com as melhores campanhas alcançam o acesso à Série A e fazem a final. O último colocado na classificação geral será rebaixado para a Série C de 2020.

Bate-papo com Roberto (goleiro do Próspera)
Como surgiu a oportunidade?
Eu estava sem jogar, mas treinando com um preparador de goleiros aqui em Criciúma para manter a forma. Em seguida fui trabalhar com o sub-17 do Próspera e a ideia de jogar a Série B amadureceu. Estou me sentindo bem e sei que posso ajudar. Se não fosse assim eu nem aceitaria. Acompanhei a campanha do time no ano passado e a base foi mantida, o que é muito bom. O elenco tem jovens que buscam o sonho do acesso à elite. E agora esse também passa a ser o meu sonho também. Estou em casa, ao lado da minha família, esposa e duas filhas. Vi minha caçula nascer há pouco mais de um ano e acima de tudo pronto para ajudar ao máximo.
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A proximidade da família pesou?
Não jogo desde 2017, quando sai do Santo André. Resolvi vir para cá, minha casa, e esperar oportunidades. Algumas surgiram, mas nada que me fizesse mudar esse momento. Tinha me comprometido como pai a acompanhar e estar ao lado da minha esposa no nascimento da minha segunda filha, pois na primeira gravidez eu estava jogando em Portugal e foi complicado no parto. E fiz isso. Fiquei ao lado e foi importante. Agora, pelo Próspera, posso entrar com ela ao meu lado em campo.
Como se sente para voltar a jogar após dois anos?
Posso não ser um nome de impacto no futebol, mas construí meu caminho. Joguei em grandes clubes, disputei títulos e fui campeão. Tenho 39 anos, mas posso jogar mais algumas temporadas. Tudo vai depender de agora. Nos treinos os outros goleiros me perguntam como eu treino num ritmo tão intenso. Mas comigo é assim mesmo. Coloco o limite no alto. Depois que eu parar tenho como meta levar esse tipo de trabalho para outros goleiros, ser um preparador ou estudar para virar gestor de futebol. Mas no momento o foco está em campo, jogando.
O que projeta para o futuro?
Temos que ter esse objetivo do acesso. O Próspera se planejou no ano passado e subiu da Série C. E isso pode se repetir agora também, apesar de ser mais elevado o nível. Mas numa dessas o time sobe, mantém o embalo numa Copa SC e eu vou ficando. Quando vê começa a Série A do Catarinense e posso enfrentar os grandes do Estado como eu fiz em 1998, campeão com o Criciúma. Até brinco com alguns nascidos depois disso, que eles nem estavam no mundo e eu era campeão. Mas tudo com o maior respeito.
Você também pratica ciclismo, como isso surgiu?
O ciclismo é um hobby, uma válvula de escape. Encontrei o pedal em 2009, quando dei as primeiras pedaladas. Depois quando voltei do XV de Piracicaba, em 2015, tudo se transformou. Temos um grupo de ciclismo em Criciúma, mas para mim sempre foi diversão apesar de ter participado de quatro Audax, que tem 208km cada. Além de ajudar a trabalhar a mente, também é importante para obter um ótimo condicionamento físico. Agora no Próspera deixei de lado para me dedicar somente aqui. Depois eu vejo o que fazer, mas é algo que seguirá para o resto da vida.
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Bate-papo com Léo Gago (volante do Guarani de Palhoça)
Como surgiu a proposta do Guarani?
Eu recebi um convite de um amigo aqui de Palhoça. Falei que estava pensando em parar de jogar e ele me apresentou projeto dele aqui para desenvolvermos juntos, sem relação com o futebol. Eu vim e em seguida o Hudson (Coutinho, treinador) me ligou e fez a proposta. Fizemos a documentação, estou regularizado e já treinando com os demais companheiros. Estou feliz demais em retornar para um Estado onde conquistei título e marquei história com a melhor campanha de um catarinense na Série A (Avaí, em 2009). Ainda sinto o reconhecimento das pessoas nas ruas. È gratificante.
Fisicamente está pronto para jogar?
Eu estava no Cianorte, do Paraná, onde fiz uma boa pré-temporada, mas depois fiquei um tempo parado. Agora estou voltando a forma física que considero ideal para continuar a carreira. Claro que falta bastante coisa ainda, como ganhar ritmo de jogo, mas não teremos jogos-treino para que isso seja feito rapidamente. Então, vamos ganhando de acordo com os jogos na Série B do Catarinense. Trabalho forte para fazer uma boa estreia.
Qual o nível de disputa da Série B?
O nível está bastante elevado nesta temporada, pois jogadores que passaram pela Série A foram contratados pelos times da Série B. Eu passei por vários clubes e tive altos e baixos na carreira. Não tenho aquela juventude, mas a experiência vai contar bastante. A Série B é um campeonato de força. Espero que possamos sobressair e ganhar desses atletas que passaram pelos clubes da elite nesta temporada. Conheço muito deles e sei da qualidade.
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O quanto a experiência pode fazer a diferença?
No ano passado, o Cruzeiro foi campeão da Copa do Brasil com uma média de idade de 30 anos. Os jovens não fazem nada sozinho, assim como os mais velhos também não fazem. Acho que a mescla e todos na mesma sintonia, as coisas podem caminhar num rumo legal. Eles nos respeitam e a gente respeita eles, entendendo cada decisão tomada em campo.
O porque pensou em parar a carreira?
As oportunidades não vinham aparecendo e as que surgiam não valiam a pena. Hoje eu penso muito mais na minha família do que na questão salarial. Sei que se eu for bem no Guarani as portas podem se abrir, seja aqui na continuidade com elevação salarial ou outros clubes. Quem sabe posso prolongar a carreira. Trabalhando, com foco dentro de campo, isso pode acontecer no momento correto.