A baleia, o aviador, a lua e o farol. Todos são personagens que construíram o encanto de algumas das praias mais charmosas do litoral catarinense. O repórter Paulo Germano e o fotógrafo Bruno Alencastro, que embarcaram no fim de dezembro na expedição Verão Off Road, que começou em Punta del Este, contam hoje curiosidades que encontraram na etapa que alcançou Santa Catarina. Outras histórias podem ser conferidas no blog Verão Off Road

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Nada de caças, só diversão

Na Praia da Armação, que recebe esse nome porque ali se caçavam baleias – e essa atividade requer uma armação instalada à margem do mar -, a única estrutura avançando hoje sobre as águas é uma plataforma de madeira. Nada de mortes em cima dela: o máximo que se vê são empurrõezinhos.

Escargot de Campeche

Reza a lenda que a Praia do Campeche, no sudeste da Ilha, foi batizada pelo escritor e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry. Na década de 20, o correio aéreo da França instalou na região um campo de pouso, para abastecer aviões que se deslocavam entre Buenos Aires e Paris. Saint-Exupéry, deslumbrado com a beleza da praia, aproveitava para descansar por ali sempre que podia.

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Dizem que o ilustre visitante se referia ao local como uma área de “campo e pesca”. Que, em francês, seria “champ et pêche”. Que, para os moradores da praia, parecia Campeche.

Verdade ou não – vale ressaltar que historiadores atribuem o nome da praia a uma planta chamada pau-campeche -, o primeiro aeroporto internacional do sul do Brasil surgiu ali, graças às aventuras de Saint-Exupéry. E a principal rua do balneário é a Avenida Pequeno Príncipe, em homenagem à mais célebre obra do escritor.

Foto: Bruno Alencastro

Segurança? Não, obrigado

Boa parte dos moradores do Farol de Santa Marta, balneário de Laguna, se revoltou contra a iluminação pública instalada nas proximidades da praia. Os pescadores argumentaram que as luminárias, à noite, arruinavam o espetáculo da lua.

Um dia, os equipamentos estragaram após uma chuvarada. E nunca mais o poder público acendeu os postes de luz – que continuam lá, desligados sob a lua que ilumina esta nota.

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Foto: Bruno Alencastro

Enxurrada de peixes

No alto daquela montanha, ajudando a construir o farol de 29 metros de altura, o pedreiro Eliziario da Silva fitava o mar boquiaberto – os peixes saltavam feito loucos, nunca tinha visto tanta abundância. Naquela época, em 1891, a praia era deserta, ninguém conhecia a região.

Neto de Eliziário, o carpinteiro Salvador Peixoto, 88 anos, conta que o avô passou duas décadas tentando convencer amigos a formar uma sociedade – porque lhe faltava dinheiro até para uma rede de pesca. Quando enfim conseguiu um sócio, a primeira pescaria lhe arrebentou a rede e, ainda assim, sobraram mil peixes. Hoje, situa-se ali, no Farol de Santa Marta, a maior comunidade de pescadores de Santa Catarina.

Foto: Bruno Alencastro