“O espírito destas pessoas certamente esteve conosco”. Foi com estas palavras, seguidas por um minuto de silêncio e um brinde com cerveja – porque ninguém é de ferro – que a Família Schürmann e os demais integrantes da expedição ao submarino alemão U-513 comemoraram a missão cumprida e homenagearam os mortos no hoje túmulo de guerra. A aventura, com o objetivo de fazer imagens internas do submersível afundado na costa catarinense, terminou semana passada e, embora não tenha saído exatamente como o planejado, é considerada um sucesso por quem dedica a vida aos assuntos do mar.

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Problemas técnicos no menor dos dois Veículos Submarinos Operados por Controle Remoto (ROVs) usados inviabilizaram a entrada na embarcação. Com isso não foi possível oficializar a identificação do chamado Lobo Solitário pelos símbolos no interior do submersível. Porém outros detalhes externos, que não tinham sido filmados anteriormente, agora garantem que é mesmo o U-513 que está no fundo do oceano, próximo de Governador Celso Ramos. A confirmação veio com as medidas e distâncias de canhões, popa, proa e vela (parte central do submarino), comparadas entre as plantas existentes do submersível e as imagens registradas pela expedição.

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– Nós já sabíamos que era o U-513 porque ele foi o único que veio para cá e foi abatido nessa região, mas com essas novas informações não há mais nenhuma dúvida – afirma Vilfredo Schürmann, líder da aventura.

Tecnologia

Estes dados foram obtidos graças ao uso de uma nova tecnologia, melhor do que a prevista inicialmente. Mais caros e logisticamente mais difíceis de serem usados, a busca por aparelhos DGPS (evolução do GPS que tem melhoria significativa na precisão da localização) e um posicionador acústico inclusive alterou a primeira data da exploração, marcada para março.

– Os equipamentos nos deram informações mais exatas da posição do submarino em relação ao barco pesqueiro, além de um raio de 100 metros de alcance dos cabos, contra 30 metros dos instrumentos anteriores – explica Vilfredo.

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Com maior mobilidade e câmeras gravando em alta definição, toda a extensão do submarino pôde ser filmada, por todos os ângulos. O rombo da bomba que abateu o U-513 foi observado na lateral esquerda da vela (parte central do submarino) e o ROV maior chegou a fazer imagens posicionado em frente à abertura. Um objeto parecido com uma vassoura foi acoplado ao robô para limpar a estrutura e tentar visualizar o símbolo do galeão, mas com a quantidade de sedimentos no local, a ação falhou.

A operação

? O submarino alemão U-513, usado pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial, foi afundado em 1943 na costa catarinense e encontrado pela Família Schürmann em julho de 2011. À época foram feitas as primeiras imagens externas do submersível. A localização aproximada fica a 83 quilômetros da Ilha do Arvoredo, a 130 metros de profundidade, próximo da costa de Governador Celso Ramos

? Fabricado no estaleiro alemão Deutche Werft, em Hamburgo, o U-513 foi lançado pela Alemanha especialmente para atuar na Segunda Guerra Mundial. O submarino tinha o apelido de Lobo Solitário porque atacava os inimigos sozinho

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? Com inédita autorização da Marinha, o objetivo da expedição era fazer imagens internas do U-513 em alta definição, por meio de robôs equipados com câmeras. As conversas duraram mais de um ano e a aprovação esbarrava em questões que envolviam a memória do submersível, hoje um túmulo de guerra

? As imagens internas comprovariam a identificação do U-513 por duas formas: o símbolo de um galeão na vela (parte central) do submarino e uma caixa ou placa na casa de máquinas em que está escrito o nome do submersível

? O acordo foi firmado após reuniões em Brasília com a Marinha e o Ministério da Defesa, em que toda a operação foi extremamente detalhada. O sinal positivo veio com o compromisso de que nada do que ainda estivesse dentro da embarcação – como restos mortais e armas – seria mexido

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