Alonso Torres

Presidente da Expogestão

Tomamos decisões diariamente e, muitas vezes, sequer sabemos se foram racionais, intuitivas ou se seguimos os outros. Algumas áreas do conhecimento procuram explicar estes comportamentos, como a psicologia econômica, as finanças comportamentais ou a gestão de riscos. Os estudos envolvem elementos como as nossas expectativas, nossas certezas e incertezas, nossos medos, desejos e o nosso grau de confiança naquilo que acreditamos.

Continua depois da publicidade

Hoje, vemos grandes incertezas em nossa economia. Sempre ouviremos governantes, economistas e a imprensa falarem sobre a importância de recuperar a credibilidade e a confiança no País, primeiro passo para que os agentes econômicos sejam influenciados positivamente.

Este mundo de expectativas, de prognósticos, de antecipar o futuro deveria ser regido pela racionalidade. Mas não é bem assim. Como não temos certeza sobre resultados futuros, criamos expectativas, muitas baseadas nas nossas certezas, quem sabe até carregadas de fortes doses de confiança pessoal. E pode dar certo. Mas podemos cometer graves erros quando supervalorizamos nosso conhecimento ou temos excesso de confiança – é preciso muito cuidado.

Continua depois da publicidade

Como consumidores, temos expectativas de nossa renda futura na hora de assumirmos algum compromisso, e as empresas tomam decisões futuras, principalmente de investimento, baseadas nas expectativas de resultados futuros. Existem mecanismos como estatísticas, probabilidade, cenários e outros para auxiliar a decisão, mas sabemos que o ser humano procura satisfação, facilidade, aquilo que lhe agrada, e a chance de induzir uma decisão está sempre presente.

O psicólogo que foi agraciado com o Nobel de Economia, Daniel Kahnemann, é um especialista no tema. Ele afirma que as pessoas limitam-se a alguns atalhos que reduzem a tarefa complexa de fazer avaliações e predições, tornando a decisão algo mais simples. Explica na Teoria dos Prospectos o efeito da nossa certeza sobre algo, e como ela contribui nas escolhas que envolvem ganhos e perdas. Mostra como investidores tendem a realizar um ganho prematuramente e estão dispostos a correr mais riscos para recuperar perdas. Também explica que a maneira como uma questão nos é apresentada pode alterar a nossa decisão.

Geramos nossas expectativas a partir daquilo que acreditamos e confiamos e, a partir disto, fazemos nossas escolhas, determinando nossos próximos passos. Por isso, este assunto é tão relevante e interessante e quando falamos do futuro da economia do Brasil. Precisamos ter grande consciência sobre a importância de instalar um cenário de confiança, de certezas, para que sejam geradas expectativas futuras positivas. Só assim as mudanças acontecerão.