A última semana foi marcada por reuniões importantes para buscar apoio e detalhar o andamento dos trabalhos de duplicação da BR-470 no Vale do Itajaí. Considerada prioridade do governo federal em Santa Catarina, a obra foi assunto de um encontro do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) com empresários, em Florianópolis, e da Frente Parlamentar Catarinense com o presidente Jair Bolsonaro (PSL), em Brasília.

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Na quarta-feira, o superintendente do DNIT em Santa Catarina, Ronaldo Carioni, detalhou à Fiesc que espera entregar mais 12 quilômetros de duplicação da BR-470 até o próximo mês. A expectativa do dirigente é concluir os quatro lotes de duplicação da rodovia, no trecho entre Navegantes e Indaial, até 2022.

Durante o encontro, Carioni voltou a citar a falta de recursos como principal entrave para o andamento das obras no Estado. O superintendente também destacou que o DNIT tem em torno de R$ 250 milhões para investir em infraestrutura em Santa Catarina ao longo de 2019, valor que considera baixo para as necessidades catarinenses.

Viaduto da Mafisa, em Blumenau, pertence ao lote mais atrasado
Viaduto da Mafisa, em Blumenau, pertence ao lote mais atrasado (Foto: Patrick Rodrigues)

No dia seguinte, a Frente Parlamentar Catarinense reuniu 15 dos 16 deputados federais e os três senadores em um café da manhã com Jair Bolsonaro e cinco ministros, incluindo Tarcísio de Freitas, responsável pela pasta da Infraestrutura. Foi a primeira reunião exclusiva do presidente com parlamentares de algum estado.

Coordenador do bancada catarinense neste ano, o deputado federal Rogério Peninha Mendonça (MDB), que é de Rio do Sul, afirma que o presidente pediu que o atendimento dos ministros seja ágil para as demandas de Santa Catarina. Além disso, Bolsonaro se comprometeu a participar de outra reunião entre quatro a seis meses para verificar o andamento das obras no Estado.

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Ficou bem claro para o presidente que, de todos os nossos pedidos, a BR-470 é a prioridade número um para Santa Catarina. Com exceção da BR-101, é a rodovia mais importante e com maiores problemas. É por onde passa quase toda a produção agrícola para exportação e onde também temos relatos de inúmeras pessoas que perderam a vida – destaca Peninha.

Durante o encontro, o ministro de Infraestrutura comentou que espera concluir a duplicação até o fim de 2021, antes do que afirmou o superintendente do DNIT. Tarcísio de Freitas afirmou que o objetivo é liberar as faixas duplas em trechos até Gaspar, enquanto no trajeto entre Blumenau e Indaial o esforço será concluir as desapropriações e finalizar obras como o viaduto da Mafisa e o trevo de acesso a Pomerode.

Apesar de o superintendente do DNIT ter comentado na Fiesc sobre a possibilidade de Bolsonaro vir a Santa Catarina na liberação de outros trechos da BR-470, Peninha considera essa possibilidade pouco provável. O parlamentar afirma que ainda não é hora de trazer o presidente para alguma cerimônia na rodovia. Momento que deve ocorrer apenas quando houver a liberação de algum trecho maior. Por enquanto, Bolsonaro confirmou a vinda apenas para a Oktoberfest, que ocorrerá em Blumenau entre 9 e 27 de outubro.

Novos trechos neste ano

Apesar de anunciar uma data de término para as obras diferente do ministro da Infraestrutura, a superintendência do DNIT em Santa Catarina não quis se pronunciar sobre os próximos passos da duplicação da BR-470, quando foi procurada pela reportagem. Entretanto, Carioni detalhou o cronograma de obras até o próximo ano durante a reunião de quarta-feira com a Fiesc e citou a estimativa de o governo federal liberar R$ 300 milhões para a sequência das obras em 2020.

No lote 1, entre Navegantes e Ilhota, há previsão de concluir 4,5 quilômetros de duplicação em pequenos trechos com os R$ 8 milhões disponíveis no orçamento deste ano. O DNIT também menciona a possibilidade de um reforço de R$ 20 milhões, o que permitiria finalizar mais 4,5 quilômetros de duplicação e restauração da pista atual no mesmo trecho.

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Os trabalhos estão mais adiantados no lote 2, entre Ilhota e Gaspar, onde um trecho duplicado de oito quilômetros foi liberado aos motoristas em junho. Com os R$ 3 milhões previstos do orçamento deste ano, seria possível executar obras de terraplanagem e drenagem. Caso confirme a liberação de mais R$ 35 milhões para o trecho em 2019, seria possível concluir a duplicação de mais 6,5 quilômetros e restaurar a pista nos 14,5 quilômetros liberados para tráfego.

A duplicação no lote 3, entre Gaspar e Blumenau, ainda depende de várias desapropriações. A conclusão dos viadutos da Mafisa e do Badenfurt, antes programados para esse ano, foi adiada. O departamento prevê pavimentar quatro quilômetros da rodovia e concluir outros dois viadutos com os R$ 4,7 milhões disponíveis. Há previsão de finalizar a obra em três viadutos e três pontes neste ano se houver repasse de R$ 25 milhões.

O lote 4, entre Blumenau e Indaial, tem a situação mais crítica porque a ordem de serviço para a execução das obras foi assinada apenas em abril de 2018. O orçamento até o fim do ano prevê utilizar R$ 34,8 milhões ainda não empenhados de anos anteriores para concluir 5,5 km de duplicação, três pontes, um viaduto e algumas obras de contenção.

Apesar de dificuldade orçamentária, trabalhos seguem
Apesar de dificuldade orçamentária, trabalhos seguem (Foto: Patrick Rodrigues)