Na véspera de ser confirmado pela convenção do PSDB como candidato do partido ao governo do Estado, o senador Paulo Bauer (PSDB) recebeu a equipe do Diário Catarinense e falou sobre projetos para o Estado, a nacionalização da eleição e as alianças partidárias.

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Diário Catarinense – O PSDB deve confirmar nesta quinta-feira seu nome como candidato do partido ao governo, algo que não acontece desde 1990. O que representa uma candidatura do PSDB nesse cenário de hoje?

Paulo Bauer – Fazer diferente, fazer melhor e fazer mais. Um Estado mais enxuto, mais rápido, mais dinâmico. Já fiz comerciais em televisão dizendo que tem que reduzir os cargos políticos, privilegiar os técnicos. Isso é diferente do que se faz hoje. Hoje se faz um governo muito politicamente e precisamos fazer mais tecnicamente.

DC – Mas o PSDB participou dos últimos quatro governos estaduais nesse mesmo modelo.

Bauer – Não tem problema. Não há, nessa nossa postura, nenhuma condenação ao passado e nem ao presente. A gente tem que aprender na vida e as manifestações do ano passado mostraram que o povo quer diferente. O povo quer um governo melhor, mais parecido com o que temos de sucesso aqui na iniciativa privada, por exemplo. Tenho meu nome em toda as cidades de Santa Catarina em pelo menos uma placa de obra. Mas acho que o governante não tem mais que se preocupar em colocar seu nome em placa de obra, mas na história. Inaugurar obras custa dinheiro.

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DC – O senhor falou na propaganda partidária em cortar secretarias pela metade.

Bauer – Cargos políticos e órgãos públicos. Existem alguns órgãos no Estado que não se justificam. Bescor. Pouca gente sabe que existe, mas está ali, custa dinheiro.

DC – O senhor mexeria nas secretarias regionais?

Bauer – Elas foram necessárias porque era uma mudança de cultura política e de governo, mas já cumpriram seu papel. Agora é preciso fazer com que o órgão público executor, a escola, a delegacia, o posto de saúde, tenha autonomia. Se antes uma escola dependia de uma gerência de educação e da Secretaria de Educação, agora depende da gerência, da secretaria regional e da secretaria estadual. A escola deve ter mais autonomia do que já tem. A delegacia, idem. O delegado tem que saber se está na hora de trocar o pneu do carro ou não, não precisa de uma regional para decidir isso.

DC – Nesse novo modelo não são necessárias as SDRs?

Bauer – Como órgão político, não.

DC – O que entraria no lugar?

Bauer – Eventualmente, um órgão técnico de apoio operacional para fiscalização, auditoria e assessoria jurídica.

DC – O senhor já tem ideia de onde cortar os cargos comissionados?

Bauer – São 1,6 mil no Estado. Não tenho números e identificação exata de onde devem ser cortados. Diria que em áreas como saúde, educação e segurança pública temos que pensar com mais cuidado.

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DC – O senhor não teme soar contraditório um partido que participou do atual modelo prometer um modelo diferente?

Bauer – Se a gente não consegue interpretar o desejo do povo por mudanças, o povo nos muda. O PSDB ajudou a eleger governadores em 1998, 2002, 2006 e 2010. O PSDB foi coadjuvante nessas quatro eleições e apoiou os projetos. Não tem nenhuma queixa, não faz críticas e não precisamos fazer nenhum mea-culpa, porque a própria sociedade concordava com aquele estilo de governo. Mas a gente percebe que o povo brasileiro não quer mais assim. A experiência do PT em nível nacional, alguns Estados muitos municípios, mostrou que aquele discurso estatal, de que o governo pode tudo, finalmente sucumbiu. Acho que finalmente chegamos ao nível de consciência que encontramos em países desenvolvidos, onde não existe preconceito da sociedade em ver o governo aliado à iniciativa privada. Claro que ninguém vai privativar a ponte Hercílio Luz, mas se colocarmos um metrô de superfície sobre ele para acabar com nosso problema de mobilidade urbana…

DC – O senhor assumiria essa promessa?

Bauer – Não é promessa, mas é uma grande ideia. Florianópolis só pode ter esse problema de mobilidade urbana resolvido se for instalado um sistema de metrô de superfície que ligue o continente desde a BR-101 até a UFSC e o aeroporto. Agora, este investimento não pode ser público, tem que ser privado. Através de concessão.

DC – O senhor vai enfrentar um governador candidato à reeleição, com uma grande aliança. Está preparado para a ser oposição?

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Bauer – Eu não faria uma campanha de oposição ao atual governador e nem à administração, que inclusive contou com apoio do PSDB e ainda conta…

DC – O senhor gostaria que o PSDB abandonasse os cargos?

Bauer – Eu sempre disse que essa decisão cabe a cada filiado e ao governador. Nosso acordo político em 2010 foi para governar o Estado por quatro anos. Cabe ao governador, se sentir algum desconforto, dispensar ajuda de quem ele achar que não deva continuar a seu lado. Os que estão filiados ao PSDB e continuam no governo estão até dispensados de trabalhar para mim. Porque nós temos que honrar a palavra de 2010.

DC – O PSDB chega à convenção com sua chapa majoritária definida?

Bauer – Vamos para a convenção com o candidato a governador definido, 30 nomes para deputado estadual e 16 para federal. Deixaremos para a executiva estadual a função e a competência para firmar as composições proporcionais e para definir os candidatos majoritários a senador, suplente de senador e vice-governador, do partido ou autorizando a coligação com outros. Temos hoje como aliados confirmado o Solidariedade, o PEN, temos bem adiantados os entendimentos com o DEM, agora também passamos a conversar com o PSB e o PPS. Temos outros quatro ou cinco partidos com quem temos conversado, mas não estamos privilegiando quantidade. Eu não gostaria de governar com 16 partidos, porque quero governar para o povo, não para os aliados. Tantos partidos, como parece ter na outra coligação, vai dar muita dor de cabeça na administração do Estado, pode ter certeza.

DC – Nos últimos dias cresceu a especulação de uma aliança com o PSB de Paulo Bornhausen, o que faria o seu palanque abrigar dois presidenciáveis: Aécio Neves e Eduardo Campos. Como funcionaria?

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Bauer – Nossa regra sempre foi a mesma. Nós nos aliaríamos a quem estivesse contra PT e contra o governo Dilma. Hoje já temos em São Paulo e outros Estados composições em que estão presentes o PSDB e o PSB, não há nenhuma dificuldade para a gente nessa composição.

DC – Agrada ao senhor essa chapa em que o senhor seria candidato ao governo e Paulo Bornhausen ao Senado?

Bauer – Ele tem qualidades, uma história política bem construída, foi deputado federal, estadual, secretário de Estado, não há nenhum problema. Naturalmente estamos conversando para ver como se equaciona a chapa majoritária. Como disse, temos a vaga ao Senado e de vice-governador abertas.

DC – Fazer a nacionalização do debate é uma das estratégias da sua campanha e dessa possível aliança?

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Bauer – Sim, porque não adianta pensarmos apenas em resolver os problemas do Estado, mantendo o Brasil nas mãos do PT. PT são 39 ministérios contra 20 nos Estados Unidos. PT é sinônimo de inflação na prateleira do supermercado, de desmandos, desvios na Petrobras e na Eletrobras. PT é obra que começa e não acaba e que custa o dobro quando termina. É sinônimo de atos ilegais no governo, como aqueles praticados por gente que hoje está recolhida em penitenciárias. Não adianta querermos arrumar o Estado, se não arrumarmos o país.