O pastor Jorge Manuel Mundiendil, de 55 anos, veio exilado para o Brasil para fugir do regime comunista de Angola em 1990. Ele trabalhava no governo, que não aceitava funcionários ligados a nenhuma religião. Como cristão, o único caminho que encontrou foi abandonar o emprego e sair do país. Encontrou no Brasil um lugar onde pôde viver sua liberdade religiosa e até hoje ainda sonha em reunir a família em Joinville, onde mora desde 1999.

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Inicialmente, Jorge se instalou no Rio de Janeiro, passou pelo Paraná e depois viajou para a Suíça. No final dos anos 90 retornou para o Brasil, instalando-se em Joinville. Conheceu a esposa um ano depois, teve duas filhas, atuou como pastor e há 11 anos trabalha como assessor parlamentar de um político da cidade. A adaptação foi tranquila, já que a língua dos dois países é a mesma. Segundo ele, todo angolano vê o Brasil como um sonho a ser alcançado, um país de primeiro mundo.

— O Brasil para a Angola e os países de língua portuguesa é o modelo que deu certo, assim como o brasileiro tem essa visão dos Estados Unidos. A música que ouvimos lá é a brasileira, então se não faz sucesso aqui também não chega lá. E em jogos da Seleção Brasileira, os angolanos perdem o emprego, mas não deixam de parar para assistir — conta.

Jorge garante que o Brasil é um dos países que melhor recebe imigrantes porque cada um encontra sua cultura em meio a tanta diversidade. Ele explica que as pessoas que vêm de fora conseguem enxergar o país com outro olhar mais positivo. Por aqui não há guerras, desastres naturais, terrorismo e outros problemas que são comuns em outros lugares do planeta. Por outro lado, ele acredita que a injustiça social ainda é um problema a ser combatido.

Após 20 anos em Santa Catarina, com uma vida estruturada e com família constituída por aqui, Jorge ainda tem o sonho de trazer para o Brasil o restante da família que ficou em Angola. O pai foi morto em 1975 durante os conflitos da guerra após a independência do país de Portugal, mas irmãos e a mãe permanecem até hoje na terra em que nasceram.

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— Meu sonho é trazer minha mãe, mas até hoje não consegui por questões financeiras e burocráticas. Enquanto estivermos vivos, vou continuar tentando fazer com que ela venha para cá — garante.

A última vez em que visitou o país natal e a família foi em 2012. No entanto, ele sente muita falta da alegria do povo angolano, que apesar dos problemas que passam diariamente não perdem a alegria de viver.