Soldados turcos invadiram neste domingo (21) uma região do norte da Síria controlada pelos curdos, no segundo dia de uma grande ofensiva contra a milícia de curdos sírios, considerada “terrorista” pela Turquia, e após disparos de foguete contra uma cidade fronteiriça turca.
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O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, anunciou que os militares turcos entraram no território sírio às 11h05 (6h05, horário de Brasília), na região de Afrin, controlada pelos curdos. Eles partiram de Gulbaba, uma cidade turca na fronteira com a Síria.
A zona é controlada pelas Unidades de Proteção do Povo (YPG), a milícia curda da Síria considerada terrorista por Ancara.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), pelo menos oito civis morreram nos ataques a Afrin. Uma criança estaria entre as vítimas no bombardeio sobre o vilarejo de Jalbara.
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O porta-voz da YPG, Birusk Hasakeh, também falou em oito civis mortos por mísseis lançados contra a propriedade onde moravam.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, reagiu neste domingo, condenando a operação militar turca contra os curdos e acusou a Turquia de apoiar grupos “terroristas”.
“A brutal agressão turca contra a cidade síria de Afrin é indissociável da política do governo turco desde o primeiro dia da crise síria, uma política baseada essencialmente no apoio ao terrorismo e às organizações terroristas, quaisquer que sejam”, declarou Assad, em uma série de comunicados divulgados pela agência oficial de notícias síria Sana.
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Já os Estados Unidos pediram moderação ao governo turco.
Na noite de sábado, quatro foguetes disparados de zonas controladas pelas YPG caíram na cidade fronteiriça turca de Kilis, deixando um ferido leve, segundo a agência Dogan. A artilharia turca respondeu de imediato.
A agência de notícias estatal turca Anadolu garantiu que as forças do país avançavam na região junto com combatentes sírios de um grupo rebelde treinado por Ancara. O número de membros desse efetivo não foi informado pelo governo.
“A operação ‘Ramo de oliva’ transcorre como previsto. A ofensiva terrestre começou”, indicou o Exército turco em nota divulgada neste domingo, acrescentando que 153 alvos – entre abrigos e esconderijos de armas – foram atingidos.
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No sábado, o Exército turco lançou uma ampla operação terrestre e aérea na região de Afrin contra posições das YPG, desafiando as advertências americanas de que a ação poderia desestabilizar ainda mais a região.
As YPG têm o apoio de Washington em sua luta contra os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI). A operação turca iniciada neste sábado deixou dez mortos – civis em sua maioria, segundo as YPG.
O Exército turco garante, por sua vez, ter atingido apenas “terroristas”.
– Zona de segurança –
Segundo Yildirim, o objetivo da operação “Ramo de oliva” é estabelecer uma “zona de segurança” de 30 quilômetros de profundidade no território, partindo da fronteira turco-síria.
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O Exército turco alega que sua ofensiva é, ao mesmo tempo, contra as YPG e o EI, mas os extremistas não têm posições importantes conhecidas na região de Afrin.
As YPG rejeitaram a ofensiva turca.
“A Turquia queria entrar em Afrin, mas rejeitamos seu ataque”, afirmou o porta-voz das YPG Birusk Hasakeh.
O governo turco acusa as YPG de serem o braço sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), há 30 anos envolvido na rebelião armada no sudeste da Turquia, povoado majoritariamente por curdos, e considerada por Ancara e por seus aliados ocidentais uma organização terrorista.
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As YPG também são, contudo, um aliado-chave dos Estados Unidos na guerra contra o EI e desempenharam um importante papel na expulsão desses extremistas de seus principais bastiões na Síria.
No conflito sírio, os curdos sírios instalaram em 2012 uma administração autônoma em Afrin. As YPG controlam ainda outras zonas mais ao nordeste do país.
Diante da ofensiva turca, a Rússia fez um apelo pela “moderação” às partes, enquanto a Síria afirmou que abateria qualquer avião militar turco em seu espaço aéreo.
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Ontem, a Turquia disse que mantém o governo Al-Assad informado “por escrito” de sua ofensiva no norte do país. Damasco negou, denunciando uma “brutal agressão da Turquia contra Afrin”.
* AFP