Depois de dias de chuva incessante, o desastre: a barragem se rompe e inunda a cidade. A água arrasta lama e destroços, deixando parte da população ilhada. Há saques em lojas, e comerciantes ficam na dúvida entre montar guarda ou procurar abrigo. O volume de ligações telefônicas congestiona a rede, e a cidade fica incomunicável.

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A atuação das forças de emergência é precisa: guiados por imagens de helicóptero transmitidas em tempo real, bombeiros descobrem passagens desimpedidas para chegar até as vítimas. Policiais identificam saqueadores e fazem boletim de ocorrência registrando de forma eletrônica as digitais dos criminosos. O exército usa óculos equipados com monitores para acessar câmeras das ruas vizinhas e amplia a área de vigilância. Uma central de comando, montada em outra cidade, coordena o envio de equipamentos, com base nas imagens das câmeras dos policiais.

O desastre descrito acima é fictício, mas a tecnologia para atendê-lo é real e está sendo testada pelo Exército brasileiro. É uma combinação de rádios, computadores, monitores e smartphones conectados por redes 4G. A ideia é usar o poder de transmissão de vídeos em tempo real e em veículos em movimento para melhorar a atuação das forças de segurança em caso de desastre.

É a tecnologia que deverá ser implantada comercialmente no Brasil até a Copa de 2014, mas não é a mesma faixa de frequência. O Exército pediu à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que uma parcela da faixa de 700 MHz seja destinada exclusivamente à segurança. Assim seria possível concentrar a potência da rede em uma única área e explorar velocidades de transmissão de dados de até 100 Mbps.

– As forças de segurança não podem operar em uma rede que seria interrompida por um desastre ou por excesso de tráfego. Quanto mais informações conseguirmos transmitir, melhores serão as decisões em um momento crítico – avalia o presidente da Motorola Solutions no Brasil, Eduardo Stefano.

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O conjunto cria uma espécie de escritório móvel que reúne informações como vídeos de câmeras fixas e móveis, informações de geoposicionamento dos veículos, reconhecimento automático de placas de carros roubados e até identificação de impressões digitais.

Foram investidos US$ 2 milhões neste que é o primeiro teste na América Latina. Nos Estados Unidos, a tecnologia está em implantação em três locais.

– No Brasil, essa tecnologia teria sido útil na retomada do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, ou no combate ao tráfico em grandes cidades e em re-

giões de fronteira. Também seria útil em missões de paz como a que o Brasil realiza no Haiti – aponta o general Santos Guerra, comandante de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército.

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* A repórter viajou a Brasília a convite da Motorola Solutions