O Exército sírio rompeu nesta terça-feira (5) o cerco mantido pelo grupo Estado Islâmico (EI) há mais de dois anos sobre um território do governo em Deir Ezzor, no leste do país.
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A perda de Deir Ezzor e de sua província rica em petróleo – a última da Síria ainda nas mãos dos extremistas – deve acabar com a presença da organização sunita na Síria.
Essa cidade de mais de 100.000 habitantes estava dividida desde julho de 2014, com os ultrarradicais do EI controlando 60% da capital desta província que faz fronteira com o Iraque.
Desde 2015, os extremistas haviam cercado os bairros governamentais e o aeroporto militar, sem conseguir entrar, porém, apesar das muitas tentativas.
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“As forças do Exército árabe sírio romperam o cerco de Deir Ezzor”, informou a agência oficial de notícias Sana, acrescentando que se uniram a soldados que estavam na base da brigada 137, a oeste da cidade.
A estrada de acesso à base foi aberta por tanques, seguido por veículos do Exército, constatou um jornalista local. O chefe das forças sírias assediadas, o general Issam Zahreddine, disse aos jornalistas: “Prometemos que Deir Ezzor não cairia e Deir Ezzor não caiu”. Ele comanda 7.000 homens que defendiam o setor governemental.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, felicitou suas tropas por esse avanço, enquanto um comandado do exército saudou “uma virada estratégica na guerra contra o terrorismo”.
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“Em termos políticos, parece uma importante vitória para Bashar al-Assad e os partidários do governo sítio, e uma grande derrota para o EI”, estima Aron Lund, especialista da Síria, em um e-mail enviado a jornalistas.
“Parece uma virada na guerra no leste da Síria, onde Assad está em boa posição”, acrescenta.
A Rússia e o Irã, aliados do regime, elogiaram o avanço, com o Kremlin saudando uma “vitória estratégica muito importante”.
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A agência Sana informou sobre comemorações nos distritos do governo sitiados, onde os sons dos combates e das fortes explosões ainda ressoavam esta manhã, de acordo com um jornalista local trabalhando com a AFP.
Neste setor, onde o cerco provocou escassez de alimentos e de remédios, as bandeiras do governo eram visíveis em toda parte.
A ONU expressou “profunda preocupação” com os “830.000 homens, mulheres e crianças necessitadas na província de Deir Ezzor”, de acordo com uma declaração enviada à AFP pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
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“Especialmente as 93.500 pessoas na cidade sitiada de Deir Ezzor, onde civis continuam sendo vítimas da violência, onde a assistência humanitária é limitada, e os serviços básicos, como cuidados médicos, faltam”, de acordo com o texto.
– Mísseis russos –
Na cidade de Deir Ezzor, dois territórios do governo eram assediados desde 2015 pelos extremistas.
O segundo enclave do governo, na periferia sul, que inclui um aeroporto militar e três distritos, também é cercado pelos extremistas, e as forças oficiais ainda não conseguiram chegar ao local.
“Durante a noite, o EI realizou vários contra-ataques, mas não conseguiu recuperar os setores que perdeu”, ressaltou o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.
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O grupo extremista já perdeu mais da metade do seu reduto de Raqa, mais ao norte, atacado pelas forças curdo-árabes.
A vitória do Exército sírio em Deir Ezzor foi possível graças ao apoio da Marinha e da Força Aérea russa, sendo Moscou um aliado inabalável do governo Assad desde o início desse conflito, em 2011. Já são mais de 330 mil mortos desde então.
Na manhã desta terça-feira, um navio de guerra russo no Mediterrâneo disparou mísseis contra posições do EI perto de Deir Ezzor, segundo os militares russos.
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Realizados da fragata “Amiral Essen”, os disparos visaram a “uma área fortificada perto do vilarejo de Al-Shoula, controlado por um grupo de bandidos constituídos por combatentes da Rússia e de países da CEI”, a Comunidade de Estados Independentes, de acordo com uma nota.
Em paralelo, em uma “área de desescalada” onde normalmente deveria reinar um cessar-fogo, em Misraba, localidade controlada pelos rebeldes a leste de Damasco, seis pessoas, incluindo o chefe da Defesa Civil, morreram na explosão de dois morteiros do regime, segundo o OSDH.
* AFP