O Exército do Iraque libertou nesta segunda-feira a cidade de Ramadi, que estava sob poder do Estado Islâmico desde maio, indicou um porta-voz do comando iraquiano das operações. O município está localizado a cem quilômetros a oeste de Bagdá.
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– Ramadi foi libertada, e as forças armadas de contra-terrorismo hastearam a bandeira sobre a sede do governo – comemorou o general de brigada Yahya Rassool à televisão de Estado.
Ramadi é a capital de Anbar, a maior província do Iraque, dividindo fronteira com Síria, Jordânia e Arábia Saudita. Nas ruas, alguns soldados dançavam, brandindo armas, enquanto os comandantes das forças de segurança desfilavam, em comemoração ao trinfo diante do EI.
Forças iraquianas retomam controle de Ramadi, que estava em poder do Estado Islâmico
O exército garantiu que os combatentes do Estados Islâmico não ofereceram resistência desde que abandonaram no domingo um complexo governamental estratégico, no centro da cidade.
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Os habitantes de várias cidades saíram às ruas para comemorar essa que é a maior vitória das forças do governo desde 2014.
– Todos os combatentes do Daesh (acrônimo em árabe do EI) partiram. Não há resistência – declarou o porta-voz das forças de elite antiterroristas, Sabah al-Numan, informando que a região ainda precisa ser limpa das minas e armadilhas explosivas instaladas por militantes do EI antes de sua fuga.
O porta-voz americano da coalizão internacional contra o Estado Islâmico, Steve Warren, disse que o sucesso “é resultado de meses de trabalho do exército iraquiano, dos serviços de luta antiterrorista, da Força Aérea iraquiana, das polícias locais e federais e de todos os combatentes tribais, com o apoio de mais de 600 ataques aéreos da coalizão desde o último mês de julho”.
O que é e o que quer o Estado Islâmico
As forças de elite antiterroristas e as tropas armadas, apoiadas por bombardeios do exército iraquiano e do grupo comandado pelos Estados Unidos, tinham entrado com relativa facilidade na terça-feira na cidade. No entanto, as centenas de armadilhas e artefatos explosivos instalados, combinados com ataques suicidas e de franco-atiradores, dificultaram a tomada completa da cidade seis dias depois do início da ofensiva.
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Uma vitória em Ramadi pode recuperar a imagem do exército iraquiano, que recebeu muitas críticas depois de perder amplas faixas de território para os jihadistas em junho de 2014. Embora o governo local não tenha divulgado um balanço oficial de baixas durante a operação na cidade, fontes médicas de Bagdá reportaram centenas de feridos que foram hospitalizados no domingo. Pelo menos cinco membros das forças de segurança morreram desde a sexta-feira, de acordo com diferentes fontes.
Próxima etapa
A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, que lançou 31 ataques a Ramadi ao longo da semana, parabenizou o Iraque por sua vitória. O presidente do parlamento iraquiano, Salim al Jubouri, comemorou uma “vitória magnífica contra o Daesh”, que, segundo ele, representa “uma plataforma de lançamento para a libertação da província de Nínive” – foi na capital dessa província, Mossul, que o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, proclamou seu “califado”.
Califado do Terror: um retrato do Estado Islâmico, grupo extremista que assusta o mundo
Nos últimos meses, o grupo jihadista foi perdendo terreno no Iraque. O ministro da Defesa iraquiano, Khaled al-Obeidi, relatou na semana passada que suas tropas haviam retomado cerca de metade do território conquistado em 2014 pelo EI. O exército iraquiano, apoiado por milícias xiitas ou combatentes curdos, conseguiu recuperar Tikrit e Baiji, ao norte de Bagdá, e Sinjar, no nordeste do país.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), os habitantes de Anbar representam um terço dos 3,2 milhões de iraquianos expulsos de seus lares desde junho de 2014. As forças governamentais suportaram meses de ataques do Estado Islâmico a Ramadi até perdê-la definitivamente em maio de 2015.
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O que o passado pode ensinar na luta contra o Estado Islâmico
A contra-ofensiva, não isenta de disputas em nível político, terminou com relativo sucesso: segundo o ministro da Defesa Khaled al-Obeidi, as forças iraquianas recuperaram metade do território perdido no ano passado.
Já o instituto especializado IHS Jane’s, com sede em Londres, estimou na semana passada que o EI tinha perdido neste ano 14% do conjunto dos territórios conquistados em 2014 na Síria e no Iraque.