Combates entre a guerrilha M23 e o exército da República Democrática do Congo (RDC) teriam provocado 130 mortes – de 120 rebeldes e 10 soldados desde domingo.
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Os ataques ocorrem em Mutaho, próximo à cidade de Goma, no leste do país.
O confronto entre o exército congolês e o M23, milícia formada por soldados regulares do exército que se insurgiram contra o presidente Joseph Kabila, prosseguia até ontem.
A força militar da ONU no país, que tem base em Goma (veja ao lado entrevista), não interveio, embora a organização tenha afirmado que as tropas estão prontas para usar “força letal” para conter o avanço das milícias.
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– Qualquer tentativa por parte do M23 para avançar em direção a Goma será considerada uma ameaça direta aos civis – disse o porta-voz da ONU Martin Nesirky.
Para fugir da violência, 65 mil congoleses já buscaram refúgio em Uganda, segundo estimativas do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Entrevista: general Carlos Alberto dos Santos Cruz, comandante da missão de paz da ONU na RDC
“A situação é bem complicada”
Eram 23h30min em Goma (18h30min em Brasília) quando o general Carlos Alberto dos Santos Cruz atendeu a um telefonema de Zero Hora. Gaúcho, ele comanda 20 mil militares e civis na Força Militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização na República Democrática do Congo (Monusco), maior contingente de paz da ONU na atualidade. Rapidamente, o general definiu a situação na região, onde controla 8 mil homens:
Zero Hora – Como está a situação aí? Os combates atingiram a região de Goma?
Carlos Alberto dos Santos Cruz – Desde ontem a situação é bem complicada. Vários combates próximos à cidade, que tem 1,2 milhão de habitantes. Não ocorreram mortes dentro da cidade, mas nas cercanias.
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ZH – O pessoal das Nações Unidas está envolvido ou corre risco?
Cruz – Não tem pessoal da ONU nisso aí. É uma briga muito particular entre o exército congolês e os guerrilheiros do M23 (grupo de militares rebeldes ou desertores, que combate o governo do Congo). A ONU não participa. Tem permissão para neutralizar grupos armados e inclusive uma brigada ligeira (cerca de 3 mil homens) pronta intervenção, mas a intenção é negociar a paz. Só agirá, nesse momento, se nosso pessoal for atingido. Teve disparos de artilharia, falam de 120 mortos desde ontem, mas não sei se é isso tudo…Tem de entender o ambiente aqui, ocorrem muitas disputas, muita informação e contrainformação, muitos rumores e comentários desencontrados. Mas a guerra existe, está bem próxima daqui e é muito triste.