O Exército tomou o poder em Burkina Faso nesta quinta-feira, após um dia de violentos protestos contra a tentativa do presidente Blaise Compaoré de se perpetuar no poder.
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O chefe do Estado-Maior do Exército, Nabéré Honoré Traoré, anunciou a criação de um “órgão de transição”, que assumirá os poderes Executivo e Legislativo com o objetivo de restabelecer a “ordem constitucional” no prazo de doze meses.
Na noite desta quinta, tiros eram disparados na zona da sede da presidência do país localizado no oeste da África, vigiada por soldados da Guarda Presidencial.
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As manifestações durante o dia deixaram mais de 30 mortos e cerca de 100 feridos, revelou o líder opositor Bénéwendé Sankara, sem informar se os números se referem apenas a Uagadugu (capital de Burkina Faso) ou a todo o país.
Segundo o Hospital Blaise Compaoré, o maior da capital, ao menos duas pessoas morreram – uma baleada, e outra queimada.
Sankara afirmou que a saída do presidente Blaise Compaoré é “uma condição inegociável”, após o chefe de Estado se declarar disposto a “conversar” com a oposição.
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– Durante 27 anos, Blaise Compaoré enrolou todo mundo. Agora, ele quer enganar de novo, com mais essa conversa – advertiu Sankara. – Há muito tempo que estamos dizendo que ele deve pedir sua demissão. Sua saída é algo inegociável – frisou.
Sankara qualificou as decisões do Exército de “golpe de Estado”. E disse que apesar do apelo da oposição, “o chefe do Estado-Maior deu um golpe”.
Blaise Compaoré decretou o estado de exceção, depois de um dia de violência, com a Assembleia Nacional em chamas, a televisão nacional invadida e a população em guerra contra o governo.
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Horas depois, porém, o presidente cancelou o toque de recolher, em um discurso transmitido pela televisão.
No mesmo discurso, Compaoré anunciou que não renunciará ao cargo, mas garantiu estar disposto a “conversar” sobre uma “transição” no país.
– Ouvi a mensagem. Entendi os desejos de mudança – declarou.
A onda de distúrbios começou diante da Assembleia Nacional, onde deveria ser realizada a votação de uma emenda constitucional para estender os poderes do chefe de Estado, que está há 27 anos no poder.
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Compaoré deveria deixar a Presidência no próximo ano, depois de dois setenatos (1992-2005) e dois quinquenatos (2005-2015).
Burkina mergulhou na crise em 21 de outubro, com o anúncio de uma proposta de emenda constitucional elevando para três o número máximo de mandatos presidenciais. Em Burkina Faso, o governo dura cinco anos.
* AFP