O chefe do Comando Militar do Leste (CML), general Adriano Pereira Junior, disse nesta quarta-feira que o ataque ao Complexo do Alemão, no Rio, foi realizado por traficantes de fora que querem voltar a dominar a região. Ele acredita que foi tentativa de desmoralizar a presença do Exército no conjunto de favelas na Zona Norte.
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Segundo ele, o anúncio do prolongamento da presença do Exército, com mais de 1.600 homens no local, até meados de 2012, causou as recentes ações de traficantes. O general admitiu que o Exército foi pego de surpresa, pois há indícios de que o ataque foi improvisado horas antes por criminosos de outras regiões.
Os desentendimentos dos últimos dias entre moradores e militares da Força de Pacificação, que ocupam os complexos da Penha e do Alemão desde dezembro do ano passado, de acordo com o oficial influenciou a ação dos traficantes.
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– Nossa inteligência não tinha levantado essa ação de ontem (terça-feira), foi muito rápida a decisão deles. Mas lá dentro eles não vão permanecer. Jogo meus 43 anos de serviço nisso. Quero um Brasil melhor para os meus netos. Enquanto tivermos a população do nosso lado, a sociedade carioca não será vencida. A população tem muito medo de que esses homens voltem – completou o general.
No domingo último domingo, militares dispararam balas de borracha e jogaram gás de pimenta nas pessoas que estavam em um bar de uma das comunidades do Complexo do Alemão. Segundo o comandante do CML, os quatro homens do Exército envolvidos no incidente foram afastados por conduta inapropriada.
– Eles foram atrás de dois suspeitos de tráfico de drogas que entraram no bar, mas deviam ter percebido que era uma armação e que deviam ter desengajado. Então, houve uma falha de percepção e eles se comportaram de maneira inapropriada.
Desde essa terça-feira, 100 militares foram enviados para o local e mais 200 estão disponíveis para atuarem imediatamente na região.
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– Se preciso enviaremos mil homens para lá e quantos forem necessários – disse o militar.

O Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, declarou que os morros do Adeus e da Baiana, de onde partiram os tiros na noite de terça na direção das tropas de ocupação, ficarão sob o cerco de 120 policiais militares por tempo indeterminado.
– Os incidentes irão acontecer. São 40 anos de abandono, mas não vamos arredar o pé e estamos articulados, porque este projeto vai avançar – disse Beltrame em referência às unidades de Polícia Pacificadora.
O secretário informou ainda que serão feitas buscas e apreensões de armas nos lugares de onde tiros foram disparados e que sabe o número de homens que invadiu as comunidades e de onde eles vieram.
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Os morros do Adeus e da Baiana, de onde foram feitos os disparos, não estão incluídos no território ocupado pela Força de Pacificação. Na época do acordo entre o governo do estado e o Exército as duas comunidades não apresentavam a necessidade de ocupação, segundo a avaliação das autoridades de segurança.