Quem diz que santo de casa não faz milagre não conhece a Schulz. Seu projeto de educação corporativa, concebido e executado unicamente por funcionários, já rendeu à organização R$ 12 milhões em ganhos de qualidade e produtividade contra um investimento de apenas R$ 437 mil nos últimos quatro anos.
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O feito animou a empresa a inscrever a iniciativa no Prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho 2012, na categoria educação e desenvolvimento. Foi a primeira vez que a
Schulz concorreu na área e conseguiu desbancar empresas como a Petrobras, Vale e outras 1.520 organizações de grande porte em todo o País.
Nunca uma empresa de Santa Catarina havia alcançado o primeiro lugar na categoria. O projeto premiado começou dentro da fábrica da fundição e tem como base a transmissão do conhecimento entre os trabalhadores.
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– Percebemos que não adiantaria investir em tecnologia sem investir em qualificação -, explica Elaine Schumacher, hoje coordenadora de desenvolvimento organizacional da companhia e uma das responsáveis pela implantação do projeto em 2006, quando ainda trabalhava na manufatura.
A Schulz encontrou uma forma diferenciada de lidar com uma situação que está na pauta de toda empresa, a qualificação profissional.
Ao lançar o movimento A Indústria pela Educação, o sistema da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) estimou a necessidade de qualificar 460 mil trabalhadores no Estado até 2015 e conclamou as empresas a intensificarem as ações de treinamento para reduzir esse déficit.
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Até agora, mais de 500 indústrias aderiram ao movimento.
– Temos bons exemplos de educação em organizações do Norte do Estado -, diz a diretora de operações sociais do Sesi-SC, Leocádia Maccagnan.
E o interesse é crescente. A Tupy S.A., por exemplo, destinou R$ 3,3 milhões em
seu orçamento de 2013 para treinamento e desenvolvimento de pessoas, montante 30%
superior ao realizado em 2012.
O que dizem as estatísticas


A escola de capacitação da Schulz dá a oportunidade aos funcionários reconhecidos em determinada área de compartilhar o conhecimento com os colegas. Um exemplo de projeto de baixo custo e resultados convincentes.
A ideia nasceu em 2006 na fundição da empresa. Hoje, a iniciativa abrange usinagem,
compressores e pintura, onde trabalha Edson Rodrigues de Oliveira Martins, de 24 anos. Ele diz acumular mais de dez certificados da escola de capacitação.
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– Quero fazer faculdade de engenharia de produção mecânica -, planeja.
A consultoria externa foi usada só uma vez, no início do projeto, quando a Sociesc foi
contratada para formar 47 facilitadores. Hoje, são 98 multiplicadores internos, presentes em todas as equipes da manufatura.
Os treinamentos são no horário de trabalho, duas vezes por dia. Cada aula tem no máximo 40 alunos e dura até 2h30.
O aspirante a professor recebe material didático e participa de cursos de oratória, técnicas de apresentação e de educação de adultos. Os treinamentos contam ponto na avaliação de desempenho, mas os funcionários que dão os cursos não recebem bônus por isso.
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Renan Gustavo Gattis, 25 anos, é metrologista e professor.
“Não foi difícil dar aula. Já conhecia o pessoal e o conhecimento em medição faz parte do nosso dia a dia. –
Em sua turma estão colegas como Adriano Latczuk, de 26 anos, da usinagem.
– Como o professor é funcionário, conhece a nossa realidade e a comunicação é melhor, podemos sanar todas as dúvidas e não ficamos inibidos -, diz.

Inaugurada neste ano, a Universidade Whirlpool é um programa de educação corporativa dirigido a todos os funcionários. Além de treinamentos voltados para os valores, missão, visão e cultura da organização, contempla cursos técnicos, comportamentais e de desenvolvimento de lideranças.
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– A universidade reúne e padroniza as várias iniciativas criadas em diferentes unidades ao longo dos anos -, diz a gerente de recursos humanos, Elaine Oliveira.
As aulas ocorrem fora do horário de trabalho, exceto se a competência técnica é requisito para a função. A empresa oferece bolsas de estudo no valor de 50% dos custos. No caso de curso de idiomas, custeia 100% do valor.
– Tivemos crescimento de 70% nas bolsas de idiomas de 2012 para 2013 -, diz Elaine.
Nos últimos três anos, a Whirlpool concedeu 1.238 bolsas, entre cursos técnicos, graduação, pós, MBA e idiomas, impactando todos os níveis da fábrica.
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Um passo de cada vez

Claudio Cesar Nogueira, 41 anos, agarrou cada oportunidade como se fosse a única e construiu uma carreira bem-sucedida na unidade da Whirlpool em Joinville.
Quando ingressou na companhia como operador na manufatura, aos 18 anos, havia cursado somente até a sétima série. Lá, percebeu que havia espaço para crescer, desde que tivesse determinação.
– Recebi estímulo e apoio financeiro da empresa. Sem isso, não conseguiria avançar nos estudos -, explica.
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O primeiro passo foi o mais difícil: voltar para sala de aula e dividir a classe com colegas bem mais jovens.
– Os alunos tinham um ritmo acelerado -, diz Claudio.
Mas ele não se abateu, concluiu o estudo formal e fez seu primeiro curso técnico, de processamento de dados, em 1995.
A ele seguiram-se o curso técnico de mecatrônica e a graduação em Tecnologia de Qualidade e Produtividade. Em 2004, Cláudio já coordenava uma equipe de aproximadamente 200 pessoas, ao ser promovido a supervisor.
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Em 2007, foi a vez do MBA em Engenharia de Produção. O cargo atual, de chefe de produção, foi alcançado em 2008. Em seguida, Cláudio fez outra graduação, em Engenharia de Produção Mecânica.
Para quem está começando agora, aconselha:
– Tenha paciência, invista em você e acredite na empresa. Você é o resultado de suas escolhas. –
É com este lema, estampado atrás de sua mesa, que Cláudio conduz sua vida e inspira os colegas.