Eles não marcam gols e nem têm seus nomes gritados pela arquibancada, mas estão mais desejados do que muitos camisas 10. Os executivos do futebol começam a ganhar espaço e a tratar o esporte como negócio, ocupando o lugar dos dirigentes apaixonados que cometem loucuras pelo time de coração.

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A importância da função alcançou um espaço vital entre os clubes. No Criciúma, único representante de Santa Catarina na Série A, a reconstrução do grupo após a demissão do gerente de Futebol, Rodrigo Pastana, do treinador Paulo Comelli, e de parte da comissão técnica, começou justamente pelo executivo, com a chegada de Cícero Souza, ex-Grêmio e Sport. Caberá ao novo homem forte do futebol a montagem do elenco para a disputa da Série A e estreitar a relação com o presidente do clube, Antenor Angeloni. Nesse tempo, Souza ainda precisa encontrar tempo para lidar com atividades que vão de programação dos treinamentos a serviços de logística, passando por aluguel para os jogadores morarem e documentação dos atletas.

No Avaí, escola é o dia a dia

Com mais tempo em Santa Catarina do que o rival do Sul do Estado, o gerente de Futebol do Avaí, Júlio Rondinelli, esteve envolvido na mais importante negociação do Leão em 2013, a chegada do ídolo Marquinhos. Foi de Rondinelli a missão de ir a Porto Alegre e trazer o ídolo para a Ressacada – retornando de carona no carro do jogador após fechado o negócio. Feito grande para um profissional formado em Direito, que chegou ao clube como coordenador (em parceria com Carlos Arini) e foi ganhando espaço até ser promovido, assumindo a função que, anteriormente, pertenceu a Marcelinho Paulista.

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– A responsabilidade do gerente é de buscar soluções, custos mínimos, preservando os interesses do clube, buscando alternativas em momentos de dificuldade. E o melhor curso que pode existir para isso é o dia a dia, os relacionamentos envolvendo outros clubes, os atletas. Você tem que ficar antenado nas novidades – garante Julio.

Junto à responsabilidade diária, a pressão por resultados. O técnico do Avaí, Sérgio Soares, esteve perto de ser demitido após uma sequência pouco empolgando. Rondinelli, que contratou o treinador, passou a exigir mais cobrança, e a vitória contra o Camboriú, na última rodada, salvou o emprego do comandante avaiano.

– A função de gestor é o elo, você é o responsável por apresentar as necessidades do departamento para o presidente, para o superintendente.

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O que são executivos?

A função de executivo no futebol é recente. Criado para comandar um departamento cuja finalidade é montar um a equipe competitiva, o cargo exige uma relação direta com os jogadores. Na parte financeira, o profissional é responsável por negociar a chegada e a saída de atletas, envolvendo-se em avaliações junto com o treinador sobre o perfil do time montado. Além disso, atua também em conjunto com a comissão técnica, precisa lidar diretamente com a imprensa, com os agentes e empresários, com a diretoria e, em alguns casos, até com a torcida.

É dele a função de criar um bom ambiente no grupo. O executivo deve verificar se o moral e o foco dos jogadores estão adequados, ou se há algo extracampo atrapalhando o bom andamento. Sua função também envolve a política de premiações e vai até casos mais graves, como atraso nos pagamentos, levando os interesses dos atletas para a diretoria.

Exemplos de executivos de futebol

? À moda antiga

Apesar de contar com nomes no seu departamento de futebol, há clubes que ainda vivem sob o comando de um. No Brasil, o caso mais famoso é o Atlético-MG. O presidente do clube, Alexandre Kalil, centraliza todas as ações do futebol e decide quem é contratado ou dispensado. Em Santa Catarina, o Joinville vive situação semelhante, com Nereu Martinelli. O mandatário do clube também tem forte influência sobre as questões do futebol.

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? Rodrigo Caetano

Levado a peso de ouro do Vasco para o Fluminense, Rodrigo Caetano é o dirigente da moda. Contratado para fazer a ligação entre os interesses da patrocinadora Unimed e do clube, o executivo é apontado como peça fundamental no bom ambiente do campeão brasileiro de 2012. Rodrigo faz parte dos dirigentes que foram boleiros. Como jogador profissional, teve passagens por Grêmio, Juventude e Mogi Mirim, mas sem grande brilho.

? Leonardo

Dirigente de um dos times mais ricos do mundo, o Paris Saint-Germain, Leonardo possui liberdade e um cheque praticamente em branco. Foi responsável direto pela contratação de craques como Lucas, Ibrahimovic e Thiago Silva. Viveu função semelhante também no Milan, onde deixou de ser executivo para virar treinador, antes de chegar ao clube francês, por onde atuou como jogador nos anos de 1996 e 1997.

? José Carlos Brunoro

Ex-atleta de vôlei, José Carlos Brunoro talvez tenha sido o executivo pioneiro no futebol brasileiro. Em 1992, convidado pela Parmalat para ser diretor de esportes da América Latina, começou seu trabalho junto ao Palmeiras. Brunoro participou ativamente da implementação e consolidação do novo conceito esportivo no clube, implantando o sistema de co-gestão no patrocínio esportivo. Com ele, a equipe paulista conseguiu dois Brasileiros, uma Copa do Brasil e três estaduais. No final de janeiro retornou ao Palmeiras, novamente como executivo principal.

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? Alex Ferguson

Sir Alex Ferguson é diretor de futebol e treinador do Manchester United, da Inglaterra. Acumulando as duas funções, ganhou a alcunha de manager e está há 26 anos à frente da equipe inglesa. Além do vestiário, Ferguson controla as contratações do clube e tem forte influência sobre os diretores.