Em meio a uma agenda cheia, Wellington Silvério sempre tenta achar uma brecha para dar uma espiada na internet, nos jornais e em aplicativos de notícias para smartphone para saber das últimas novidades do Corinthians. Natural de São Paulo, o executivo está em Joinville há pouco mais de um ano, onde ocupa a vice-presidência de desenvolvimento humano e organizacional da Tupy.
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Wellington: em dia com as notícias do clube
No intervalo que antecede as reuniões da diretoria da empresa, conta ele, é comum haver troca de gozações entre os colegas. Tudo na maior esportividade e em tom de brincadeira, é claro. Para a sorte de Silvério, o desempenho do Corinthians nos últimos tempos o tem deixado livre das provocações.
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– Hoje em dia, tenho sofrido pouco – diz ele, com um satisfeito sorriso no rosto.
Paixão nacional, o futebol tem lugar garantido também na rotina de grandes empresários da região Norte. Por trás de executivos engravatados e de grandes responsabilidades há pessoas que vestem a camisa, reclamam do juiz e não conseguem conter a euforia quando a bola cruza a linha do gol – como manda o manual das arquibancadas.
A diferença é que, embora fanáticos, esses torcedores sabem separar a razão da emoção. E por desempenharem funções de gestão, têm um olhar crítico para analisar não só o desempenho das equipes dentro de campo, mas também fora dele.
Apesar das preferências distintas, esses executivos são unânimes em um ponto: a gestão das equipes no Brasil, no geral, ainda é amadora e o futebol não é uma atividade sustentável. Os clubes, avaliam, precisam ser administrados como empresas. No entanto, mesmo com os problemas que envolvem a gestão do esporte no País, ainda é possível tirar dele importantes lições para os negócios.
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Ensinamentos
Uma estante com mais de 50 bolas oficiais de futebol chama a atenção de quem entra no escritório do advogado João Martinelli. Na coleção, ganham destaque modelos usados em jogos da Copa do Mundo. Mas a que o executivo mais se orgulha de exibir é a que foi utilizada na partida entre Joinville e Santos disputada em maio, na Arena Joinville, pela Copa do Brasil.
Martinelli confessa que cresceu torcendo pelo Santos, mas que não teve nenhuma dúvida de quem queria ver vencedor quando a equipe paulista veio à cidade enfrentar o JEC. A ligação dele com o Tricolor é intensa. Há mais de 20 anos, o advogado atua como conselheiro do clube. Hoje, divide a advocacia com o cargo de diretor de marketing – o irmão Nereu é o atual presidente.
Apesar de fazer parte do dia a dia da equipe, Martinelli se sente à vontade para analisar pontos que ainda são falhos na administração do JEC. Ele faz questão de ressaltar que a implantação de uma gestão profissionalizada nos departamentos fez o clube subir de patamar nos últimos anos – até 2010, o time disputava a Série D do Campeonato Brasileiro. Mas acredita que a situação poderia ser melhor. Para o executivo, é preciso reforçar a imagem institucional do JEC.
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– A negociação com patrocinadores, por exemplo, ainda depende muito de pessoas. Os investidores chegam por meio de contatos pessoais com os dirigentes, não por verem a equipe como uma fonte de receita – analisa.
O exemplo do tricolor joinvilense é apenas mais um que se soma à lista de problemas de gestão comuns à grande maioria dos clubes do País. Muita coisa já melhorou nos últimos anos, mas em relação às equipes da Europa, a administração do futebol brasileiro ainda patina. Isso não quer dizer que não existam boas práticas por aqui.