Em troca de benefícios legais, o executivo da empreiteira OAS Léo Pinheiro deve citar o ex-presidente Lula em depoimento ao Ministério Público Federal. As informações foram publicadas pela revista Veja. Defesa de Pinheiro nega que haja qualquer tipo de negociação com o MPF.

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Segundo fonte não revelada, Pinheiro pretenderia se valer da lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a delação premiada, para reduzir drasticamente sua pena em troca de informações sobre a participação do petista no esquema e teria autorizado seus advogados a negociar um acordo com o MPF. Por meio do mecanismo das delações premiadas de donos e altos executivos de empreiteiras, os procuradores já obtiveram indícios que podem levar à condenação de vários políticos do país.

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Com medo de voltar à cadeia, depois de passar seis meses preso em Curitiba, Pinheiro teria prometido passar aos procuradores a lista de despesas da família de Lula custeadas pela OAS e garantido ter conhecimento direto de como Fábio Luís da Silva, o Lulinha, fez fortuna atuando na órbita de influência da construtora.

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– Depois que o Léo falar, não tem como não prender o Lula Ou se prende o Lula, ou se desmoraliza a Lava-Jato – diz um interlocutor de Léo Pinheiro.

Entre as doações da OAS à família de Lula estaria uma cobertura triplex no Guarujá. A construtora teria assumido – a pedido de Lula – obras em imóveis que eram de responsabilidade de uma cooperativa de bancários de São Paulo presidida por João Vaccari Neto, que mais tarde viria a se tornar tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT).

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A OAS teria ainda ajudado financeiramente Rosemary Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo demitida após ser descoberta pela Polícia Federal traficando influência no governo. Não são citados, porém, quais as evidências que o executivo teria para provar a veracidade das informações e garantir a diminuição da pena.

Teria sido durante período de maior proximidade entre executivos da OAS e Lula que Léo Pinheiro teria cunhado o codinome “Brahma” para se referir ao ex-presidente. São citadas na reportagem diversas viagens de Lula à África e América Latina em aviões de diversas empreiteiras, entre elas a OAS.

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– Um voo para qual quer país da América Latina e do Caribe dura pelo menos seis horas. Dá para imaginar as confissões que Léo Pinheiro ouviu durante todo este tempo ao lado de Lula – diz uma pessoa próxima ao empresário.

Segundo a fonte, Léo Pinheiro já pensa na possibilidade de se tornar um delator da Operação Lava-Jato desde abril passado quando recebeu de um carcereiro a sugestão de “passar a dormir de olhos abertos.” Conselho ou ameaça, a a frase teria contribuído para a tomada de decisão.

Em nota, a defesa de Pinheiro afirma que a reportagem de Veja não correponde à verdade.

“Sobre a reportagem da Veja deste final de semana, José Adelmário Pinheiro e seus defensores têm a dizer, respeitosamente, que ela não corresponde à verdade. Não há nenhuma conversa com o MPF sobre delação premiada, tampouco intenção nesse sentido.”