O ex-vice-presidente da Camargo Corrêa Eduardo Hermelino Leite chorou durante depoimento à CPI da Petrobras. O executivo se emocionou ao falar dos filhos e do prejuízo que a prisão na Operação Lava-Jato causou à imagem de sua família.

Continua depois da publicidade

– Isso não me é agradável – disse o delator, que hoje cumpre prisão domiciliar.

Cerveró é condenado a cinco anos de prisão

Lava-Jato mantém grampos e delações em apuração do pré-sal

Leite assumiu a vice-presidência da empreiteira em 2011 e disse que foi cooptado por um esquema preexistente. Segundo ele, seus antecessores Leonel Viana e João Auler passaram a orientação de que a Camargo Corrêa deveria continuar pagando propina ao esquema.

Continua depois da publicidade

– Não me via cometendo um crime, era algo que já existia, que era funcional – declarou.

O ex-vice-presidente da empresa disse que a decisão de fazer a delação premiada não foi uma “boa decisão jurídica”, mas que é uma “boa decisão pessoal”.

– Minha colaboração (com a Justiça) é espontânea e consistente – afirmou.

Vaccari e três políticos presos na Lava-Jato serão transferidos na terça-feira

Petrobras rescinde contratos com a Schahin

Propina

Eduardo Leite confirmou que foram pagos R$ 110 milhões em propina entre 2007 e 2012. Segundo ele, a propina alimentou campanhas políticas e os operadores do esquema ganharam poder ao evitar a relação direta entre empreiteiras e políticos.

– Os operadores faziam questão de nos alijar do contado com os políticos – disse.

Leite contou que após deixar a Petrobras, o ex-diretor Paulo Roberto Costa foi contratado pela Camargo Corrêa para prestar consultoria de um dia e que recebeu R$ 6 mil. A empreiteira tinha interesse em informações estratégicas da estatal para os próximos 20 anos. Os valores pagos a Costa chegaram a ser aditados para “pagamento de propina pendente”.

Empresário Hoyer de Carvalho obtém habeas corpus e deixa prisão

“Consultores” da Lava-Jato multiplicaram seus bens em até 97 vezes

O executivo disse que a falta de projetos básicos adequados levou a Petrobras a fazer aditamentos contratuais, o que seria um dos fatores de prejuízo para a estatal.

Continua depois da publicidade

– Isso gera essa confusão que em algum momento será acertado através de aditivos – explicou.

Para ele, o Tribunal de Constas da União (TCU) tem um trabalho “inglório”.

– É muito difícil do TCU fazer o casamento do que é o contrato e do que é o empreendimento – afirmou.