Cerca de oito mil pescadores amargam a falta de camarão no Sul do Estado. A escassez se deve ao excesso de chuva no último mês que deixou as lagoas do Complexo Lagunar – que envolve quatro colônias, barrentas além de afetar a salinização das águas.

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Da safra de quase 15 toneladas no ano passado, profissionais temem que não atinja nem a cinco toneladas até julho de 2015, quando termina a pesca. A esperança é que a chuva cesse e a produção normalize nos próximos meses. Mas, segundo o meteorologista, Marcelo Martins, da Epagri/Ciram, a previsão para os próximos três meses é de chuva acima da média, assim como temperaturas mais altas.

Segundo o meteorologista o mês de novembro registrou em Laguna um volume de 160 mm de chuva – o que significa 18% acima da média para o período. Já o mês de dezembro, até o momento, o volume está abaixo do esperado. A previsão é que em decorrência das pancadas de fim de tarde, o mês feche com chuva acima da média.

_Se há muita chuva, isso afeta não só a produção de camarão, como também vários tipos de produção. O excesso de chuva muda o PH da água e a salinidade, como também a temperatura. Correntes mais quentes podem também afetar a produção de ostras e mexilhões. O excesso de turbidez provocado pelo desbarrancamento das margens prejudica também o desenvolvimento das espécies_explica Martins.

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Pesca minguada

O pescador e presidente da Associação de Pescadores do Imaruí, Volnei dos Santos Tomé, 44 anos, lembra que há 10 anos situação semelhante prejudicou a pesca de camarão, após enchente na região. Ele lembra que enquanto no ano passado, o pescador pescava cerca de 30 quilos por noite, este ano pescadores se frustam com uma pesca minguada de cerca de 200 gramas/noite.

_O camarão que está vindo é miúdo. Pela nossa própria experiência já sabíamos que esta safra seria um fracasso. Isso com certeza pode afetar no preço_avalia Tomé.

O presidente da Colônia de pescadores Z14 de Laguna, Antônio Manoel de Souza, também já sente a baixa produção do pescado. Ele relata que só em Laguna cerca de dois mil pescadores vivem da pesca do camarão e no Complexo Lagunar que envolve quatro colônias, cerca de 18 mil famílias dependem da pesca em geral.

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Pescadores sem expectativa

Gercinio Rosa, presidente da Associação de Pescadores da Ponta Grossa, observa que na comunidade as alterações na salinidade da água afetaram diretamente a produção. Pescadores da região pescam em torno de 100 gramas de camarão por noite. A pesca do crustáceo na comunidade de Ponta Grossa é uma das mais fortes da região e a situação preocupa os profissionais.

Marcos Gonçalves, secretário do Instituto de Políticas Públicas de Imaruí, explica que o excesso de chuva compromete a alcalinidade média da água e reduz significativamente a ocorrência de pescado, sobretudo do camarão.

Com intuito de buscar uma solução para o problema a Secretaria de Pesca de Imaruí, se organiza em uma ação integrada entre as entidades pesqueiras, secretaria de pesca e órgãos ambientais.

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