Os exames que tentarão desvendar se o ex-presidente João Goulart morreu por causas naturais ou foi envenenado serão feitos em laboratórios do Exterior.
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A exumação de Jango, morto em dezembro de 1976 na Argentina, será realizada em 13 de novembro, em São Borja, onde o corpo do político está sepultado. A informação foi confirmada na tarde desta quarta-feira pela ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, após reunião entre peritos brasileiros e estrangeiros.
– João Goulart foi perseguido pela ditadura durante todos os dias do seu exílio. Mesmo que os testes não sejam conclusivos, a ditadura brasileira é responsável pelo sofrimento e a morte de João Goulart – disse Rosario.
Após a exumação, os restos mortais serão levados para Brasília. No Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, passarão por exames antropológicos e de DNA. Também serão colhidas as amostras para os testes toxicológicos, que tentarão encontrar possíveis venenos e serão realizados no Exterior. Os laboratórios e os países ainda não foram definidos.
A decisão foi tomada pelos peritos a fim de dar maior imparcialidade aos exames. Passados quase 37 anos da morte, não há certeza se os laudos serão conclusivos. Também não há data definida para divulgação de resultados.
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Após a exumação, o corpo será devolvido para São Borja em 6 de dezembro, aniversário da morte de Jango, que terá honras de chefe de Estado.
O passo a passo da exumação é discutido desde maio passado, quando a Comissão Nacional da Verdade acatou o pedido da família Goulart para reabrir o caso e apurar as causas da morte do político gaúcho.
Deposto pelo golpe militar de 1964, Jango foi exilado e só retornou ao Brasil após sua morte, em dezembro de 1976. O gaúcho morreu em sua fazenda em Mercedes, na Argentina.
A versão oficial aponta que o ex-presidente, cardíaco e apreciador de carne gorda e uísque, foi vítima de problemas do coração. Contudo, seu corpo não passou por autópsia e o atestado de óbito consta apenas “enfermedad” como causa da morte.
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A descoberta de relatórios de órgãos de inteligência das ditaduras do Cone Sul nos quais Jango era monitorado por espiões e depoimentos de antigos agentes deram força para a possibilidade de Goulart ter sido envenenado.