O reencontro de Miri Levran e Alair Machado, que ocorreu um ano após o primeiro contato com os familiares, só foi possível após a confirmação do exame de DNA. A maior parte das famílias que são procuradas pelos filhos ou que buscam reencontrá-los das possíveis mães não tem condições de arcar com o procedimento, que no Brasil custa em média R$ 700 e é o primeiro passo para a aproximação familiar.

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Em casos que envolvem falsificação de dados em documentos, como no tráfico de bebês dos anos 80, a repetição dos exames para a comprovação da maternidade é uma constante.

Existem muitos problemas na localização. Muitas vezes os dados dos documentos coincidem, mas a pessoa encontrada não é a mãe, já que há casos de informações trocadas. Por isso existe a necessidade de se fazer o exame de DNA – argumenta o major Marcus Claudino, que coordena o SOS Desaparecidos da Polícia Militar de Santa Catarina e recebe pedidos de jovens do exterior em busca de parentes.

Neste ano, dois supostos casos de maternidade localizados pelo SOS Desaparecidos por meio de busca documental foram descartados na reta final da investigação após a negativa das mulheres, em relação à maternidade.

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A ONG Desaparecidos do Brasil – com sede em Florianópolis e que trata especificamente dos casos de adoções ilegais – tenta ajudar cruzando dados, mas poucas vezes o resultado é positivo, relata Amanda Boldeke, à frente da ONG:

– Nestes quase 17 anos de buscas, já vi muitas promessas e projetos de lei, mas quase nada de concreto é feito. Existem dois caminhos simples e com pouco investimento. Um é a criação de um banco de DNA nacional para desaparecidos em geral. Outro, formar grupos de policiais e psicólogos especializados na investigação de desaparecimentos – diz.

O estado do Paraná está um passo à frente na localização com uso de DNA, embora o recurso, disponibilizado Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), seja mais restrito a casos recentes envolvendo sequestro, roubo, fuga do lar e adoção ilegal.

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O Sicride é uma delegacia especializada de referência no país, em operação desde 1995. De acordo com a delegada responsável, Luciana de Novaes, a equipe conta com 20 profissionais – psicólogos, investigadores e policiais – tecnicamente amparados por um convênio com a Universidade de São Paulo (USP) que oferece a realização de exames de DNA e a comparação em um banco de perfis genéticos. O projeto Caminho de Volta oferece o serviço e o estado do Paraná dá uma contrapartida em torno de R$ 40 mil por ano.

– Pelos resultados, 99% dos casos solucionados, o valor é irrisório para o estado -avalia a delegada