O ex-vereador José Alvercino Ferreira (PP) voltou a ser preso preventivamente na manhã desta terça-feira pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O pedido de prisão foi feito pela 8ª Promotoria de Justiça, que investiga os crimes relacionados à Operação Parada Obrigatória. Além de Zé, também foram presos o filho dele, Jefferson Ferreira, e Anderson Estevão Vaz, funcionário da revenda de veículos que pertence ao ex-vereador.
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Os três são suspeitos de cometerem crime de falsidade ideológica. De acordo com o promotor de Justiça Ary Capella, apesar de ter sido descoberto durante a operação que a loja de carros estava em nome de laranjas,e isso ter sido relatado na denúncia aceita pela Justiça, o quadro societário da empresa não foi modificado.
Muitos dos veículos que estavam na loja quando foi deflagrada a operação, em julho do ano passado, foram sequestrados pela Justiça e continuam indisponíveis. Para reavê-los, a empresa tem apresentado pedidos judiciais — só que essas requisições estão no nome de Anderson, que aparece como procurador da loja nos documentos mas, de acordo com o promotor, é um ¿laranja¿. A empresa, inclusive, continua constando como propriedade de outras duas mulheres, que admitiram apenas terem ¿emprestado¿ o nome.
— Eles já haviam cometido falsidade ideológica, o que inclusive está narrado na denúncia. Reconhecem que esses documentos são falsos, e agora vêm pedir a liberação de veículo se valendo dessas procurações — afirma o promotor.
Com a nova prisão, em meio à tramitação do processo, é possível que os três tenham que aguardar o julgamento detidos. Jefferson e Zé já haviam sido presos quando deflagrada a operação. O filho foi solto logo em seguida,mas o pai permaneceu detido por quatro meses e perdeu o mandato na Câmara de Vereadores.
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— A situação agrava porque praticaram novo crime — reconhece o promotor.
Contrapontos:
José Alvercino Ferreira e Jefferson Ferreira
O advogado Celso Almeida da Silva não quis repassardetalhes do processo, disse que está analisando o caso e deve entrar, em breve,com recurso e habeas corpus.
Anderson Estevão Vaz
A reportagem não conseguiu localizar o seu advogado.
O que são as Operações Parada Obrigatória I e II
A Operação Parada Obrigatória II foi a primeira a ser deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no dia 14 de julho de 2015 e levou quatro pessoas à prisão _ entre elas o ex-vereador José Alvercino Ferreira (PP). O foco da investigação são supostos crimes relacionados ao órgão de trânsito de Itajaí, a Codetran, e incluem corrupção passiva, peculato, concussão, advocacia administrativa e receptação qualificada.
Em 22 de setembro do ano passado, a 8ª Promotoria de Justiça em Itajaí deu início a Operação Parada Obrigatória I, com o cumprimento de três mandados de prisão temporária. A juíza Sônia Moroso Terres, da 1ª Vara Criminal de Itajaí, aceitou denúncia contra 20 pessoas que estariam envolvidas nos crimes investigados somente em março deste ano. Zé Ferreira estava novamente entre os denunciados, além de dois policiais civis que atuam em Itajaí.
Embora não estejam diretamente relacionadas, uma operação teria possibilitado a outra. A ação da Parada Obrigatória I, que apura irregularidades envolvendo serviços de segurança, foi desmembrada em duas partes. A primeira diz respeito à suposta propriedade dos policiais civis Luciano Miranda e Luciano da Hora sobre a empresa de segurança Viaseg _ o que é proibido pelo estatuto da corporação. Os dois também são suspeitos de terem privilegiado investigações que envolviam clientes de suas empresas.
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Na segunda parte da ação o alvo é a suposta relação do ex-vereador Zé Ferreira com a empresa Trana, que instalou radares nas ruas de Itajaí. São apurados crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.