Para um, comentário deselegante seguido por uma reação desproporcional. Para outro, uma grosseria sem precedentes. A polêmica envolvendo o agora ex-secretário de Infraestrutura de Santa Catarina, Carlos Hassler, e o deputado estadual Valdir Cobalchini (MDB), envolveu críticas que chegaram até o plenário da Assembleia Legislativa de SC (Alesc) e motivaram a exoneração de Hassler pelo governador Carlos Moisés nesta quinta-feira (6).

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Em entrevista ao programa Notícia na Manhã, na CBN Diário, nesta sexta-feira (7), o ex-secretário e o deputado explicaram os lados da polêmica que teria ocorrido no gabinete da secretaria de Infraestrutura na última terça-feira. Segundo Hassler, havia uma reunião marcada com o prefeito da cidade de Pinheiro Preto e o deputado Cobalchini estava junto da comitiva do município, mas não teria comunicado que gostaria de participar da reunião.

— É de praxe que venha um aviso pelo menos, mas não houve contato nenhum. Quando ele [Cobalchini] entrou na sala eu fui deselegante, disse “eu não esperava o senhor aqui, que estranho”. Ele não gostou, com razão, e perguntou se eu queria que ele saísse. Eu disse que o assunto era entre prefeitura e Estado e perguntei se ele queria sair. É aquele dia em que todo mundo está mal. Ninguém expulsou ninguém, mas eu demonstrei que não tinha gostado da presença. Depois o carnaval que ele fez na Alesc não procede — disse Hassler.

O ex-secretário destacou que manteve o hábito de receber bem deputados de todos os partidos durante o ano passado e que o caso desta terça-feira foi um fato isolado. Questionado se receberia diferentemente algum parlamentar de outro partido, Hassler disse que “nem sabe de qual partido é cada deputado” pois “faz questão de não ter um mapeamento político”.

— Não tenho vocação política, admiro os que têm e conduzem ela de forma ética. Sobre a exoneração, o governador fez o que achou que lhe convinha. Se ele entendeu que deveria, a gente tem que respeitar — completou o coronel da reserva e agora ex-secretário do governo de SC.

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Também no Notícia na Manhã, em entrevista ao apresentador Mário Motta, o deputado estadual Valdir Cobalchini apontou o outro lado da história. Para ele, Hassler agiu de “forma grosseira” e já vinha recebendo críticas de outros deputados:

— Eu quis compartilhar o que aconteceu comigo com outros deputados que já foram vítimas. Ano passado já fui sim recebido várias vezes por ele, a secretaria de Infraestrutura é importante, inúmeras vezes estive lá. Algumas vezes fui bem recebido, outras nem tanto. Realmente a morosidade é muito grande, temos rodovias em péssimo estado e não há da parte da secretaria a necessária celeridade.

Cobalchini afirmou também que não agiu “para desestabilizar” o ex-secretário e que aceitou o pedido de desculpas dele e também de outros membros do alto escalão do governo Moisés.

— O secretário se comportou mais como um coronel diante de uma tropa do que como alguém que ocupa uma função como ele vinha ocupando. O que eu entendo é que esse não deve ser um comportamento repetido de um secretário cuja missão é servir com respeito e atenção.

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Hassler é o primeiro secretário do governo Carlos Moisés da Silva a deixar o alto escalão. Nenhuma troca ainda havia sido feita na linha de frente, apenas no cargos abaixo. Ele foi escolhido para assumir a função no final de 2018, durante a transição de governo.

Thiago Vieira, que agora é o novo secretário, foi indicado para o cargo de adjunto na metade de 2019. É um dos homens de confiança do ciclo de militares próximos ao governador Moisés. Antes disso, ele estava na secretaria de Administração. Vieira é major da PM catarinense.