A ex-secretária de Saúde de Chapecó e vereadora mais votada na eleição deste ano, Cleidenara Weirich (PSD), foi conduzida coercitivamente para depor na manhã desta quinta-feira na Polícia Federal de Chapecó. Ela é uma das quatro pessoas que foram conduzidas na operação “Manobra de Osler”, que apura desvio de recursos do SUS na secretaria municipal de saúde do município.
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Também foram realizadas seis buscas e apreensões. A ação é coordenada por Ministério Público Federal, Controladoria Geral da União e Polícia Federal.
Outro que foi conduzido é o diretor-executivo do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina (CIS-Amosc), Paulo Utzig. Em nota, o Ministério Público Federal informa que os dois estão impedidos de exercer funções públicas, inclusive ao exercício de mandato da vereadora, e de ingressar nas dependências dos órgãos envolvidos.
De acordo com a nota o Ministério Público Federal, a investigação iniciada em 2015 apontou que, entre 2013 e 2015, a ex-secretária de saúde destinou, por intermédio do CIS-Amosc, R$ 1,5 milhão do SUS para uma clínica hiperbárica sediada em imóvel de propriedade de seus familiares.
As investigações revelaram que o marido da ex-secretária, Josemar Weirich, e suas empresas foram os destinatários de significativa parcela de recursos repassados pelo município à clínica.
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Ele também seria sócio do médico responsável pela clínica de Chapecó, Carlos Alberto Machado Santos, em outro estabelecimento do mesmo ramo, situado em São José, na Grande Florianópolis. A investigação apontou uma elevação do número de consultas na clínica hiperbárica a partir de 2013. O marido e o médico também prestaram depoimento.
De acordo com o delegado da Polícia Federal de Chapecó, Fabrício Argenta, antes de 2013 o gasto com o serviço hiperbárico oscilava entre R$ 20 mil a R$ 30 mil por ano. De 2013 a 2015, o valor aumentou para R$ 1,5 milhão nos três anos. O maior valor foi de R$ 986 mil, em 2014, ano eleitoral. Com o recurso gasto daria para comprar três câmaras hiperbáricas.
– Em alguns casos há registros de 200 sessões para um paciente e o recomendado pela literatura médica são 30 sessões no máximo – explicou o delegado.
Os bens dos investigados estão indisponíveis. O material apreendido será analisado tanto pela Polícia Federal, quanto pela Controladoria Geral da União (CGU).
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– Vamos verificar a veracidade dos fatos, identificar provas e aprofundar as investigações – disse Israel Carvalho, coordenador de operações especiais da CGU.
Contrapontos
O prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, anunciou em entrevista coletiva no fim da manhã que assinou um decreto abrindo um processo administrativo para investigar o caso. Também foram suspensos os contatos e pagamentos com as empresas envolvidas.
Na Clínica Hiperbárica Chapecó ninguém atendeu nem pela manhã, nem pela tarde.
O diretor do CIS-Amosc não atendeu no celular e no CIS-Amosc ninguém quis se pronunciar.
A ex-secretária divulgou uma nota de esclarecimento em que afirma que não tem conhecimento dos fatos narrados na decisão judicial e que confia na justiça. Afirmou que está tomando as medidas cabíveis e que a suspensão dos direitos políticos são válidas apenas para o período de investigação.
Confira a nota na íntegra:
” Tendo em vista a operação da Policia Federal esta manhã que desencadeou a apreensão de documentos e equipamentos eletrônicos na minha residência, venho a público me dirigir a toda comunidade chapecoense, as pessoas de bem e em especial aos meus eleitores que me confiaram seu voto para o Legislativo para esclarecer o que se segue: 1- Resido em Chapecó há 30 anos, aqui constitui família, e juntamente com Josemar Weirich com quem sou casada há 25 anos, construímos uma história de luta baseada em princípios éticos e morais. Minha vida pública e minha vida particular sempre foram pautadas pela ética, pela transparência e pela honestidade em todas as ações. Portanto, não temo qualquer investigação e estou à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos como sempre estive. 2- Os fatos narrados na decisão judicial ainda não são do meu conhecimento e certamente serão esclarecidos de forma pública oportunamente pela investigação. O convite para o meu comparecimento para prestar esclarecimentos junto a Polícia Federal foi atendido prontamente, assim que fui comunicada, não sendo necessária aplicação de qualquer medida de condução coercitiva conforme despacho judicial. 3- Confio em Deus e no trabalho sério da Justiça. Não há em minha vida pessoal ou na vida pública qualquer elemento que desabone minha conduta como querem fazer parecer. 4- Além das medidas judiciais cabíveis que já estão sendo tomadas, esclareço que a decisão de suspender meus direitos políticos é válida somente enquanto durar a investigação. Agradeço as inúmeras manifestações de carinho e apreço neste momento tempestivo e reitero meu empenho em continuar lutando sempre em favor da população chapecoense.”
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