O procurador mexicano deposto que investigava o pagamento de supostos subornos da construtora brasileira Odebrecht à campanha do presidente Enrique Peña Nieto negou nesta quarta-feira (25) ter sido pressionado pelo principal envolvido no recebimento de aportes ilegais.

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Santiago Nieto foi demitido na semana passada pela procuradoria-geral mexicana, acusado de violar o devido processo e a presunção de inocência após as declarações a um jornal local que sugeriam que o ex-coordenador da campanha presidencial de Peña Nieto, Emilio Lozoya, o pressionou para que declarasse publicamente sua inocência através de uma carta.

“Uma carta como a que apresentou o senhor Lozoya, e é o que eu estava planejando, não pressiona ninguém”, afirmou Nieto em uma entrevista com o canal de televisão local Televisa.

“O repórter, no exercício de sua liberdade de expressão, expressou algumas considerações que não tinham a ver expressamente com o que eu havia comentado”, acrescentou.

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O ex-procurador disse ao jornal Reforma que além de lhe pedir um “pronunciamento sobre sua inocência”, Lozoya enviou junto com a carta um currículo no qual indicava onde estudou e quem eram seus pais.

“Acho que essa carta reflete em grande medida a impunidade, ou seja, a ideia de que ‘sou uma figura pública. A autoridade tem que se desculpar’. Isso foi o que me pareceu particularmente grave”, disse Nieto, segundo Reforma.

Lozoya, um homem muito próximo ao presidente que também já foi diretor da petrolífera estatal Pemex, teria recebido 10 milhões de dólares da Odebrecht em troca de favorecer a empresa em licitações, de acordo com o testemunho de um ex-executivo da companhia ante a justiça brasileira, divulgado pela imprensa desse país.

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As declarações e a posterior destituição do procurador gerou uma reviravolta política no México, onde os partidos de oposição consideram que sua saída é uma manobra política para entorpecer a investigação sobre a suposta corrupção da companhia brasileira no país.

As confissões à justiça de altos executivos da Odebrecht sacudiram os círculos do poder e a política na América Latina, chegando inclusive a ex-presidentes e altos funcionários em países como Brasil, Peru e Colômbia.

* AFP