A ex-presidente da Coreia do Sul Park Geun-hye, destituída em dezembro passado, foi interrogada nesta terça-feira sobre o escândalo de corrupção e abuso de poder que a fez perder o cargo.
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Park havia evitado durante meses prestar depoimento, protegida pela imunidade do cargo de líder do país asiático.
A ex-presidente pediu desculpas às pessoas reunidas diante da Promotoria de Seul, acrescentando que “me submeterei à investigação sinceramente”.
Park foi destituída pelo Parlamento em 9 de dezembro, enquanto milhões de pessoas ocupavam as ruas para exigir seu impeachment por um escândalo de corrupção que abalou a classe política e empresarial do país.
A destituição de Park foi confirmada pelo Supremo Tribunal no início deste mês, acabando com a carreira política de uma mulher que cresceu no Palácio presidencial como filha do ditador Park Chung-hee.
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O comboio de Park avançou lentamente na saída de sua residência, cercado por uma multidão de partidários que agitavam bandeiras e a acompanharam pelo trajeto.
Park se tornou a primeira mulher presidente da Coreia do Sul, ao ser eleita em 2012 com a maior votação da história democrática do país.
Mas seu estilo distante e uma série de polêmicas, somadas ao descontentamento social e político, minaram sua popularidade.
A gota d’água foi o escândalo político que teve como figura central Choi Soon-sil, chamada de “Rasputina” pela imprensa. Amiga de Park há 40 anos, Choi Soon-sil foi acusada de utilizar sua influência para receber mais de 70 milhões de dólares de diferentes empresas sul-coreanas.
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A ex-presidente é acusada de ter concedido favores políticos a dirigentes da indústria que teriam colaborado com Choi, incluindo Lee Jae-yong, herdeiro da Samsung. Lee teve a detenção provisória decretada e foi indiciado.
De acordo com a Corte Constitucional, Park também deixou de cumprir a lei ao permitir a interferência de sua amiga, que não tinha nenhum cargo oficial, nos assuntos do governo.
Park pediu perdão, em diversas ocasiões, pelo escândalo, mas sempre negou as acusações de ter agido ilegalmente. “Jamais busquei enriquecimento ou abusei do poder como presidente…”.
Com a destituição de Park, a Coreia do Sul deve realizar eleições presidenciais em maio, e o favorito é Moon Jae-In, antigo líder do opositor Partido Democrático.
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Park, 65 anos, pode ser indiciada por várias acusações, como abuso de poder, corrupção ou coação. Este é o quarto caso de chefe de Estado sul-coreano a enfrentar um processo ou investigação por escândalos de corrupção.
Os ex-presidentes Chun Doo-hwan e Roh Tae-woo cumpriram penas de prisão por corrupção nos anos 1990.
O presidente Roh Moo-hyun, eleito democraticamente, cometeu suicídio em 2009, quando ele e sua família eram investigados por corrupção.
* AFP