Zero Hora teve acesso aos documentos firmados entre Inter e Fifa que estabelecem o clube como único responsável por entregar o estádio (e seu entorno) e disponibilizar toda a operação durante os jogos. Entre as obrigações estão o fornecimento de água e luz, limpeza e quaisquer obras ou instalações pedidas pela entidade. Um dos itens prevê que Fifa e Comitê Organizador Local (COL) podem assumir eventuais custos, como o das estruturas temporárias, exigindo do clube ressarcimento posterior.

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Presidente do Inter à época, Vitorio Piffero entende que o clube não é o responsável por todas as estruturas temporárias:

– Acho que o contrato se presta para uma discussão grande. Mas temos a convicção que a responsabilidade não é do Inter.

Confira trechos da entrevista concedida pelo ex-presidente colorado na noite de quinta-feira:

Zero Hora – O contrato entre Inter e Fifa aponta que as responsabilidades pelas estruturas temporárias é do Inter, não?

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Vitorio Piffero – O Stadium Agreement fala que o clube se obriga a ceder todo o ambiente do estádio, bilheteria, catracas, geradores, tudo que for do estádio. E se obriga a ceder também as áreas externas com espera para água, luz e esgoto, para que a Fifa faça as instalações que precisa fazer. O primeiro contrato diz que a Fifa se desobriga a pagar ao Inter para usar essas áreas externas. É muito claro.

ZH – Mas esse artigo não exime o Inter de outras obrigações. O artigo 8.3 diz que o estádio deve ser entregue a Fifa e ao COL pelo Inter, que é totalmente responsável por todo e qualquer custo associado, incluindo o estádio em si ou suas instalações.

Piffero – Esse artigo não fala das áreas externas, mas do estádio.

ZH – O conceito de “stadium” no contrato inclui áreas de estacionamento, área VIP, de hospitalidade, de mídia, espaços comerciais, centro de mídia, complexo de transmissão de TV, estandes e áreas em volta dos estandes.

Piffero – Tem artigos, uma seção que trata das áreas externas. Na questão do estádio concordo contigo, tem as lojas da Andrade Gutierrez, o estacionamento, o Gigantinho e o Centro de Eventos.

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ZH – O que o senhor entende que não é responsabilidade do clube do que vem sendo falado sobre temporárias?

Piffero – O Inter tem de ceder as áreas externas niveladas e pavimentadas com as esperas. Equivale a dizer que o sujeito vai passar o Carnaval na casa do sogro em Quintão. A casa é pequena, ele pega a barraca e o sogro cede o pátio. Ele põe uma extensão e pega luz da casa, pega uma mangueira e tem água na barraca. Estamos cedendo o nosso quintal.

ZH – O senhor reconhece que o Inter é responsável pela limpeza do estádio, por dispor banheiros, pela necessidade de energia…

Piffero – (interrompendo) Não, o Inter tem de entregar o estádio limpo. A partir do momento que a Fifa entra lá, o Inter some. Tem de botar um gerente lá.

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ZH – Pago pelo clube, assim como a empresa que por ventura gerenciar a operação, diz o aditivo.

Piffero – Desconheço isso.

ZH – O senhor falou que quando foi assinado o contrato não se tinha ideia do tamanho dessas estruturas.

Piffero – Com certeza. Quando apresentamos a planta do estádio, eles disseram que o Centro de Eventos era maravilhoso para a imprensa. Esse valor pelas estruturas temporárias surge após a Copa das Confederações. Até então, ninguém falava nisso.