Pela primeira vez em Santa Catarina desde que sofreu impeachment, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) concedeu uma palestra para cerca de 600 pessoas em Chapecó. A fala de 1h20min integra o programa do curso de pós-graduação A Esquerda no Século 21, que continua neste sábado com uma aula da petista restrita aos 42 alunos matriculados.

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Dilma Rousseff fez uma avaliação do quadro político brasileiro após sua deposição, que qualificou como “golpe parlamentar”. Bastante rouca por causa de eventos anteriores em Natal (RN) e no Rio de Janeiro nos últimos dias, a ex-presidente afirmou que sua destituição teve como um de seus eixos impedir que as investigações da Operação Lava-Jato alcançassem políticos do PMDB e do PSDB, mas que o objetivo principal foi aplicar o programa de governo neoliberal derrotado nas eleições de Lula em 2002 e 2006 e dela própria em 2010 e 2014.

— Hoje não há grande dúvida de que se tratou de um golpe parlamentar diante do caráter fraudulento das razões expostas para o impeachment — disse Dilma, em referência à chamadas pedaladas fiscais.

Ela fez críticas diretas às reformas propostas pelo governo do presidente Michel Temer (PMDB), especialmente a emenda constitucional que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos, as mudanças na legislação trabalhista e previdenciária e a intenção de de privatizar a Eletrobras.

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— Aplicam um programa que nunca ganharia o voto popular — criticou.

A ex-presidente creditou a crise econômica enfrentada pelo país em seu governo a fatores externos e disse que a antiga oposição utilizou essas dificuldades para criar as condições para o impeachment.

— Todas as medidas de contenção da crise foram bloqueadas sistematicamente – disse a ex-presidente.Ela defendeu a necessidade de uma reforma política, mas criticou as opções em discussão no Congresso Nacional — especialmente o parlamentarismo e o distritão.

Defendeu a candidatura de Lula a presidência em 2018 e foi ovacionada ao citar a frase do ex-presidente de que participaria da disputa “condenado ou absolvido, preso ou em liberdade, vivo ou morto”.

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— Uma parte importante desse golpe será derrotada em 2018 — disse Dilma.

Ao final do evento, os participantes fizeram fila para tirar fotos com a petista. A única reação hostil à ex-presidente aconteceu à tarde, quando cerca de 20 pessoas criticaram a presença de Dilma em Chapecó na praça Coronel Bertaso, no Centro da cidade.