Wu Xiaohui, ex-presidente da seguradora chinesa Anbang, foi condenado nesta quinta-feira a 18 anos de prisão por fraude, em um momento de ofensiva do governo de Pequim contra os grandes conglomerados do país.

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A Anbang, terceira seguradora do país, era conhecida por suas importantes aquisições no exterior, entre elas do hotel Waldorf Astoria de Nova York.

Um tribunal de Xangai declarou Wu culpado do desvio de mais de 65 bilhões de iuanes (8 bilhões de euros) durante sua gestão da Anbang.

O valor era transferido da Anbang para empresas que Wu controlava pessoalmente, visando pagar dívidas e gastos pessoais, revelou a Xinhua.

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Segundo o veredicto, entre 2011 e 2017, Wu falsificou os resultados da empresa para evitar controles da autoridades de regulamentação.

A condenação envolvendo a Anbang, sob controle do Estado desde fevereiro – por alegações de práticas ilegais e riscos financeiros – , chama a atenção para os círculos de negócios na China, no momento em que Pequim pressiona os conglomerados privados por suas “aquisições irracionais” e dívidas.

Durante o julgamento, realizado em março, foi revelado que a Anbang vendeu produtos financeiros de maneira ilegal e superou muito o teto máximo permitido de 95 bilhões de euros.

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Além da pena de prisão, o tribunal ordenou o confisco de 10,5 bilhões de yuanes de ativos (1,4 bilhão de euros) de Wu.

A queda em desgraça de Wu Xiaohui, de 51 anos, foi uma surpresa porque ele era considerado próximo ao poder e sua esposa é neta de Deng Xiaoping, o governante chinês que liderou as reformas econômicas do país nos anos 1970.

Wu também tinha contatos com Jared Kushner, genro e conselheiro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem tinha um projeto para renovar um edifício em Manhattan.

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Fundada em 2004, a Anbang passou em poucos anos de companhia de seguros de residências e veículos a gigante financeira internacional, com a compra, entre outras, das seguradoras sul-coreana Tong Yang Life, a holandesa Vivat ou a belga Fidea NV.

O conglomerado se tornou o símbolo do frenesi de investimentos no exterior das empresas chinesas e, em 2014, comprou o mítico hotel Waldorf Astoria por 1.95 bilhão de dólares.

Mas o crescimento da Anbang se baseava principalmente na venda de produtos financeiros a curto prazo com altas taxas de juros, uma estratégia que preocupava os analistas econômicos.

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Assim como a Anbang, outros grandes conglomerados chineses, como Wanda, HNA ou Fosun, compraram nos últimos anos grandes empresas no exterior, incluindo clubes de futebol, redes hoteleiras ou estúdios de Hollywood.

Os excessos terminaram por alertar as autoridades chinesas sobre a falta de transparência das empresas e sobretudo por seu enorme endividamento, o que coloca em perigo a economia em seu conjunto.

* AFP