Do poder à solidão. Em poucos meses, Odir Nunes (PSD) passou de presidente da Câmara de Vereadores de Joinville e responsável por indicar verbas para obras e associações de seu interesse – prática inédita na cidade – para vereador à margem de qualquer decisão sobre o futuro do Legislativo. Além de estar com relações cortadas com o prefeito Udo Döhler (PMDB), Odir, sem espaço, tenta se colocar novamente como referência de uma oposição que ainda tenta surgir.
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O caminho para a perda de poder de Odir passou pela tentativa fracassada de se reeleger presidente da Câmara. Tentando criar maneiras de obter os votos necessários para a eleição, o parlamentar procurou o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) durante um evento, em novembro.
Na ocasião, o parlamentar chegou a entrar no carro de LHS – sem ser convidado – para falar sobre o assunto. O senador ouviu, mas disse que não tinha como interferir em seu favor. O fato incomodou Udo, que viu no vereador alguém que não respeitava seu mandato. Outro estremecimento na relação entre os dois nasceu devido à votação da Lei de Ordenamento Territorial (LOT). Udo fez vários apelos para que Odir colocasse o projeto em votação, mas o vereador se negou e disse que só o faria caso não houvesse mais o processo que dissolveu o Conselho da Cidade.
Isolamento forçado
Durante o mês de dezembro, Odir Nunes anunciou que as indicações do que fazer com as sobras do repasse constitucional feito pela Prefeitura à Câmara deveriam continuar, fato que foi desmentido por Udo Döhler. Os dois pontos somados levaram a um isolamento de Odir imposto por Udo. Na articulação que deu a João Carlos Gonçalves (PMDB) a presidência do Legislativo, Udo convidou todos os vereadores para irem a reuniões na Döhler – incluindo Adilson Mariano (PT) – menos Odir.
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Rejeitado, o parlamentar tentou articular um grupo de oposição para derrotar João Carlos Gonçalves. Chegou a ter uma conversa com Maurício Peixer (PSDB) e Manoel Bento (PT), e outra em separado com Ralf Benkendorf, no comando do PPS na época. O acordo não foi adiante.
O isolamento se estendeu às comissões técnicas. Ameaçado de ficar fora de todos os grupos, depois de alguma negociação, Odir foi eleito presidente da Comissão de Economia, que se reúne uma vez a cada mês enquanto as outras comissões são quinzenais ou semanais.
“Por que não votamos agora?”
Sem indicações de cargos na Prefeitura de Joinville ou na Câmara, Odir se sente confortável para falar que todo governo precisa de uma oposição.
– Não podemos deixar alguém governar livremente. É necessária uma voz dissonante pelo bem da cidade. Só quero o bem para Joinville – diz.
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E faz críticas à nova gestão. Acha errado a opção de Udo de reduzir o número de servidores que atuam nas subprefeituras e pede que a Lei de Ordenamento Territorial seja discutida e votada no Legislativo.
– Se me pressionaram tanto antes, por que não votamos agora? – indaga.
Mesmo assim, embora negue qualquer ressentimento com Udo após o isolamento que sofreu, Odir brinca ao lembrar que no início do mandato do então prefeito Carlito Merss (PT) também aconteceu esse processo.
– No começo, eu ficava fora. Com o tempo, passaram a conversar e viram que era melhor me ter mais próximo. Aqui é só esperar, acho que irá acontecer o mesmo – argumenta.