Há 42 anos, nesta mesma época do ano, Genésio Atanásio caminhava pelos corredores da Festa das Flores de Joinville. As mãos para trás, cruzadas nas costas, e a postura de quem vigia, Genésio observava.
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Era a primeira vez que ele tinha um contato tão intenso com as orquídeas – era um policial militar vindo de um sítio em Major Gercino, no Sul do Estado, onde as orquídeas não brotam. Foi o perfume e as cores das flores que fizeram com que, naquele mês de 1970, Genésio se apaixonasse por elas e as colocasse em sua vida.
Hoje, aos 72 anos e aposentado da Polícia Militar, é para elas que dedica seus dias de folga. Ele divide cerca de três mil plantas entre seu quintal e o do filho, Rogério, também apaixonado por orquídeas, e contabiliza mais de cem prêmios em exposições pelo Brasil. Só na Festa das Flores de Joinville são pelo menos 15 títulos.
– Eu estava trabalhando na segurança da Festa das Flores quando comecei a perguntar aqui e ali sobre as orquídeas. Me convidaram para entrar na Ajao e a reunião seria apenas em março de 71, mas eu decorei a data e fui – conta Genésio, que hoje é diretor técnico da Agremiação Joinvillense Amadores de Orquídeas (Ajao).
O começo, no entanto, foi com as mudinhas que restavam dos outros associados, e exigiu paciência até que os brotos se transformassem nas flores premiadas que Genésio cria.
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Além disso, como PM, a rotina de Genésio não permitia que ele se dedicasse como gostaria, já que trabalhava um dia inteiro para folgar no dia seguinte. Foi há 20 anos, quando se aposentou, que o orquidófilo pode assumir essa função. Todos os dias – mesmo nos fins de semana – ele levanta com o sol iluminando o quarto e, depois do café, da leitura do jornal e dos exercícios físicos, seu tempo é das “meninas” que cria nos fundos de casa.
A paternidade dá a ele o direito de escolher os nomes de todas as flores que nascem, e ele conhece cada uma em suas cores e características.
– Eu fico na expectativa de quando vai abrir, de como ela será. O que mais gosto é de conhecer a cor – afirma.
Além de Genésio e do filho Rogério, os outros membros da família não compartilham tanto da paixão por orquídeas. Mas, há quatro anos, um pequeno orquidófilo parece ter nascido: é o neto, João Vítor, que tem no orquidário do avô o lugar preferido. E João Vítor está avisado: é ele quem herdará as cores e o perfume da vida de Genésio.
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