Uma reflexão sobre o desafio das pessoas e das organizações em aprender, mudar e reaprender encerrou a programação da Expogestão na tarde desta quinta-feira na Expoville, em Joinville. O público lotou o centro de convenções para ouvir as palavras do filósofo e teólogo Zeca de Mello.

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O palestrante mostrou que as pessoas têm a facilidade de perceber o que precisa ser mudado nos outros, mas quando se dá conta da necessidade de mudança em sua própria vida ou em seu estilo de vida, percebe o quanto é difícil.

— A mudança nas pessoas não é tão simples como apertar um botão ou mudar um software — ressaltou.

Com a palestra "Aprender, desaprender, reaprender – desafio para pessoas e organizações", ele mostrou as dificuldades de cada uma dessas fases, começando pelo aprendizado.

Zeca falou sobre a geração de pessoas formadas em um modelo de respostas certas, em que "o aluno bom era o que tinha boa memória e sabia cuspir as respostas corretas". Isso fez com que as pessoas não soubessem lidar com as incertezas da vida e o problema piora quando se vive em um mundo que é acelerado, fazendo do futuro um lugar incerto.

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Ele contou a própria história para o público, em que se tornou padre ainda jovem e mais tarde percebeu que queria ter uma companheira para estar ao seu lado no futuro. Então, decidiu largar o sacerdócio e precisou se reinventar profissionalmente.

— É importante dizer que não existe vida sem crise. Nós vivemos em um mundo em que tudo e todos estão competindo pela nossa atenção, mas é na crise quando temos a oportunidade única de nos concentrarmos naquilo que é o mais importante, de olharmos nos próprios olhos — completou.

As pedagogas da vida

Para Zeca, é preciso sair da zona de conforto para conseguir desaprender e se reinventar. Na visão dele, três pedagogas ajudam a ensinar como fazer isso. A primeira delas é a crise, que puxa as pessoas para baixo, faz refletir e a se olhar nos olhos.

A segunda é a criança, que ajuda a nos elevar. Segundo Mello, quando estão conhecendo o mundo e não sabem das coisas os pequenos são acostumados a perguntar. Eles não perderam a capacidade de maravilhar-se com as coisas.

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— Toda inovação surge de um incômodo. São questões que surgem, mas só depois desse impacto de maravilhamento, em uma experiência que nos tira da zona de conforto — explicou.

Por fim, a terceira pedagoga é a empatia. Ela é que puxa as pessoas para os lados e traz a capacidade de entender e ver o mundo pelos olhos dos outros.

No entanto, para conseguir passar por todo esse caminho e aprender, desaprender e reaprender é preciso ter inteligência emocional. Segundo Zeca, isso significa expressar ternura e afeto, saber lidar com a inveja, o rancor e as angústicas, e criar empatia despertando a confiança nas pessoas.

Sobre o palestrante

Graduado em Filosofia e Teologia, que seguiu com mestrado pela PUC/RJ e doutorado pela Universidade Gregoriana de Roma, Zeca de Mello é professor convidado na Fundação Dom Cabral.

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