Para ouvir o depoimento da ex-mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, Andréa Aprígio e Souza, os integrantes da CPI do Cachoeira decidiram tornar a sessão desta quarta-feira secreta. Mesmo com um habeas corpus que lhe dava garantias para permanecer em silêncio, ela fez uma exposição inicial e em seguida foi questionada pelos parlamentares.

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Andréa afirmou que nada tem a ver com o suposto esquema criminoso do qual o ex-marido é acusado. Ela disse que todas as suas empresas estão em situação legal e que não está sendo investigada pela Polícia Federal, mas pela imprensa.

– Com o devido respeito, [os jornalistas] devem investigar melhor os fatos – afirmou.

Andréa disse que, enquanto foi casada com Cachoeira, sempre o admirou, mas tinha uma vida profissional distinta. Afirmou também que sempre procurou pautar sua vida por princípios éticos.

– Cada um deve responder na medida dos seus atos – disse.

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Ela afirmou que está sendo envolvida em uma questão que não lhe diz respeito.

– Os senhores acreditam sinceramente que alguém deixaria algum bem em nome de ex-exposa ou ex-marido? – questionou.

Andrea afirmou que está extremamente desconfortável com a exposição pública da sua imagem, que considera excessiva. Ao se recusar a falar, disse que tem de pensar primeiramente em seus filhos, que estão angustiados com a situação do pai. Disse que os filhos sofrem pressão dos amigos na escola e choram constantemente.

– Preciso preservar meus filhos, todos pequenos, dois em fase de adolescência e pré-adolescência, que já são fases complicadas por si só – disse.

Sem explicações sobre mpréstimo

Andrea não quis esclarecer os questionamentos do relator, deputado Odair Cunha (PT-MG) sobre um empréstimo de R$ 1,9 milhão que ela teria recebido de Cachoeira em 2007.

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– Ela toma dinheiro emprestado para Cachoeira depois da separação. O dado concreto é que ele empresta à senhora R$ 1,9 milhão. Nós precisamos e devemos suspeitar de um empréstimo como este – disse Cunha.

A resposta de Andrea foi evasiva:

– Deveria estar precisando, mas gostaria de não responder.

O deputado não teve resposta sobre o questionamento de um contrato de compra e venda encontrado na casa do irmão de Andrea, Adriano Aprígio, após um mandato de busca e apreensão. O documento previa a transferência de bens, avaliados em mais de R$ 5,3 milhões, para a irmã.

Andréa Aprígio e Souza foi casada com o contraventor por quase 20 anos. Após a separação, ela se tornou dona do laboratório Vitapan, empresa supostamente integrante do esquema. A Vitapan tem sede em Goiânia e passou a ser dirigida por Andréa após a saída dos dois antigos diretores, que são irmãos dela.

Segundo Andrea, a empresa nunca fez pressão política para ser favorecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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– Todas as reuniões foram técnicas sendo tratadas questões comuns às indústrias farmacêuticas e estão em atas públicas – disse.

Um dos irmãos, Aprígio de Souza, foi preso na Operação Monte Carlo sob suspeita de ser o tesoureiro de parte das finanças ilegais de Cachoeira. Também há suspeita de favorecimento do laboratório com lobby do ex-senador Demóstenes Torres na Anvisa.