O ex-líder do MST, aliado histórico e amigo de Lula, José Rainha Júnior, foi pessoalmente, na manhã desta segunda-feira, tentar dar um abraço de solidariedade no ex-presidente. Apesar dos muitos anos de relacionamento — Rainha e Lula conheceram-se em 1978 e lutaram juntos pela reforma agrária —, o líder não foi imediatamente chamado a entrar na sede do Instituto Lula. Ficou por mais de uma hora do lado de fora, onde chegou a se sentar na calçada ao lado de jornalistas que fazem plantão em frente ao edifício.
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Depois da espera, Rainha foi recebido pelo presidente do instituto Lula, Paulo Okamotto, e pelo diretor Luiz Dulci. Lula chegou ao prédio do Instituto antes de Rainha sair, mas não recebeu o amigo. Okamotto falou durante a manhã sobre a investigação feita pela Operação Lava-Jato no Instituto.
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O ex-presidente se reúne nesta segunda com aliados políticos e com a direção do instituto para traçar estratégias depois do depoimento forçado à Lava-Jato, na sexta-feira.
Mesmo após a tentativa frustrada, Rainha continuou defendendo o amigo de velhos tempos.
— Lula é companheiro nosso de história, cumpriu a pauta dos trabalhadores rurais no governo dele. Achamos abuso de autoridade a criminalização. O que a Lava Jato fez foi juntar a gota d’água que faltava pra encher o copo. Eles deram um tiro no pé, atiçaram a massa (favorável a Lula) e vai vir a periferia, juntaram a fome e vontade de comer — disse Rainha, sobre as manifestações que estão sendo organizadas para defender o ex-presidente.
Apesar da defesa enfática de Lula, Rainha, que hoje é líder da Frente Nacional de Lutas (FNL), é crítico da gestão Dilma Rousseff. Ele alega que, no ano passado, Dilma não editou um decreto para a reforma agrária enquanto no governo Lula eram mais de 50 por ano.
Ele também reclama da diminuição de recursos para Minha Casa, Minha Vida e outros programas sociais.
— É impressionante como ela (Dilma) fez essa ginástica toda para cortar as verbas dos programas, mas continua pagando a dívida pública. Ela tem que retomar a auditoria da dívida — disse Rainha. — Fazer o que a Dilma está fazendo hoje com os trabalhadores é inadmissível.
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Além de dar um abraço em Lula, Rainha queria chamar o ex-presidente para uma manifestação pela reforma agrária em Bauru, no interior paulista.
— Vamos colocar lá 5 mil (manifestantes). Se o Lula for, conseguimos 10 mil, só o FNL — argumentou após o encontro com os diretores do instituto.
No discurso de sexta-feira, na sede do PT, após o depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente se colocou à disposição para sair pelo país a convite dos movimentos sociais.
*Estadão Conteúdo