Aldevan trabalhava na Secretaria de Saúde da cidade onde morava, no interior do Sergipe, quando em um fim de semana foi jogar futsal, lá em 2013. O que era para ser apenas um momento de descontração para o então jogador de vôlei, virou o motivo pelo qual hoje ele vive de futebol. Então com 17 anos, o adolescente teve uma atuação, segundo ele, de gala. Chamou a atenção de um olheiro que estava por lá e que depois do jogo o chamou para conversar. “Quer fazer um teste em um clube profissional?”. A resposta foi sim.

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Mas tinha um problema. O adolescente, que leva o nome do pai, não tinha muita grana e precisaria viajar até Aracaju, cidade em que fica o Club Sportivo Sergipe, um dos principais times do estado. A mãe, então, o motivou, e catou cada moedinha que tinha para que o filho pudesse ir. Conseguiu arranjar R$ 25 para que Aldevan passasse 15 dias na capital sergipana. Deu certo. Mesmo comendo um ou outro biscoitinho durante a estadia, ele passou no teste. Aí deixou o vôlei, e se tornou jogador de futebol.

– Os meus colegas de quarto até diziam que se eu quisesse um lanche eles trariam para mim. Mas eu tinha vergonha de pedir. Aí separava um dinheirinho, comprava um biscoitinho, e já estava bom – conta.

Aldevan virou “Pirambu”, nome da cidade que o acolheu. Um ano depois, em 2014, o técnico Vinícius Saldanha decide colocar o nome “Júnior” na frente. Dito e feito: o ex-jogador de vôlei e funcionário do setor administrativo de uma Secretaria de Saúde virou o atacante Júnior Pirambu. Hoje vice-artilheiro do Campeonato Catarinense com cinco gols, o atleta é uma das esperanças do Metropolitano em escapar do rebaixamento à Série B.

Júnior Pirambu não esconde o típico sotaque nordestino. Humilde, de chinelo no pé e bermuda tactel, ele conta sua história com orgulho. Filho de uma professora e de um pescador, tem o sonho de um dia poder ganhar bastante dinheiro para poder dar aos pais o mesmo conforto que eles buscaram em dar para ele quando pequeno.

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– O que eu mais quero na minha vida é chegar em casa e dizer: “painho, você não vai mais para o mar” – destaca Pirambu.

O atacante sente saudades de casa e principalmente da esposa, Thaíse Alves Nunes. Quer um dia levá-la junto para os times em que for jogar, mas sabe que isso depende de questões financeiras. Religioso, Júnior Pirambu é evangélico e coloca nas mãos de Deus o seu futuro. É ao Todo-Poderoso, inclusive, que o artilheiro do Verdão agradece pela boa fase que vem vivendo dentro de campo.

Jogador se surpreendeu com o clima no Sul

Ao chegar na Rodoviária de Blumenau, Júnior Pirambu se surpreendeu. O que ele pensou que fosse uma filial da Antártida, na verdade era bem longe disso.

– Só pensava que aqui no Sul era frio. Pensava que era sempre temperatura baixa. Aí cheguei na rodoviária e pensei “meu Deus do céu, que calor é esse”. Mas a cidade é bonita, sim. Quero até trazer minha mulher para conhecer, mesmo que eu não esteja mais no Metrô. Sempre mando fotos e ela fica louca querendo vir pra cá – diz o bem-humorado Pirambu.

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Dedicado e estudioso, o atacante gosta de ver vídeos sobre a equipe que vai enfrentar. Diz, inclusive, que já está avaliando como se comporta o Figueirense, adversário do jogo desta quarta-feira, às 20h30min, no Sesi. O jogo é decisivo para o Metropolitano e vale uma possível saída da zona do rebaixamento em caso de vitória.

– É difícil? Claro que é. Muito. Teve um amigo meu que me mandou uma mensagem dizendo: “e aí, já preparou a sacola para levar os gols do Figueirense”. Eu levo na boa, sei que os favoritos são eles. Mas quero fazer os meus gols. Quero vencer – enfatiza o artilheiro.

O jogo entre Metropolitano e Figueirense, hoje, é válido pela 14ª rodada do Campeonato Catarinense. Uma vitória deixa o Verdão de Blumenau com 13 pontos e tira a equipe da zona do rebaixamento, pelo menos até quinta-feira, quando o Hercílio Luz – principal adversário do time blumenauense contra a degola – vai a Joinville para encarar o JEC.